11 DE MAIO DE 2019
15
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — O Bloco de Esquerda defende que sejam cancelados todos os financiamentos
a combustíveis fósseis — petróleo, gás e carvão — do Banco Europeu de Investimento e do Banco Europeu
para a Reconstrução e o Desenvolvimento.
E o PSD? E o PS? Como se posicionam relativamente a isto?
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — A favor!
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Vir aqui fazer a defesa de mecanismos de cooperação e de apoio aos Estados,
para fazer face às catástrofes naturais, mas, ao mesmo tempo, suportar as políticas que põem o lucro e a
exploração à frente da sustentabilidade ambiental e, precisamente, à frente da prevenção destas mesmas
catástrofes, ou suportar políticas que cerceiam o investimento público em sistemas de transportes coletivos
ecológicos e de qualidade ou no desenvolvimento de redes ferroviárias, só mostra que, de facto, não interessa
ao PSD nem ao PS combater as causas destas catástrofes.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Vou já terminar, Sr. Presidente.
As mudanças introduzidas recentemente no Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, de reforço da
dotação, mostram, realmente, que houve consenso. Mas o que não é consensual, neste caso, é o facto de a
indústria do armamento, de as escolhas pela opção militarista e pela opção do armamento desviarem,
precisamente, os fundos daquilo que era necessário para a solidariedade europeia.
A indústria do armamento significa uma opção bastante clara.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem mesmo de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Termino de imediato, Sr. Presidente.
Significa a escolha em favorecer, como pilar europeu, a indústria do armamento; significa não escolher a
solidariedade e o respeito entre os povos; significa favorecer empresas alemãs, francesas ou outras na venda
de armas e munições; significa regiões devastadas pela guerra e pelos conflitos; significa o aumento do fosso
das desigualdades; significa o aumento das fileiras dos refugiados.
A pergunta que quero fazer à bancada do Partido Socialista é a de saber se o PS escolhe seguir esta
campanha militarista e deixar Portugal — e, já agora, tantos outros países — para trás, no que respeita aos
fundos de financiamento de solidariedade, ou se o PS dirá claramente que é contra este caminho e que, na
Europa, votará contra o orçamento europeu.
Muito obrigada, Sr. Presidente, pela tolerância.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira, queria pedir-lhe desculpa,
porque eu tinha acabado de me sentar aqui para presidir os trabalhos, ainda não tinha mudado o chip, e esqueci-
me de que, não sendo uma iniciativa legislativa normal mas uma marcação potestativa, o tempo disponível para
perguntas duplica, sendo de 4 minutos e não de 2 minutos. Por isso, peço-lhe desculpa por lhe ter feito esse
aviso e, provavelmente, por lhe ter retirado a possibilidade de fazer a intervenção que tinha prevista.
Sr.ª Deputada Sandra Cunha, 4 minutos são 4 minutos, não são 5 minutos e 30 segundos.
Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Margarida Marques.
A Sr.ª Margarida Marques (PS): — Sr. Presidente, rapidamente, gostaria de dizer o seguinte: em primeiro
lugar, queria lembrar o Regulamento do fundo europeu de solidariedade Este Fundo tem por objetivo cobrir uma
parte das suas despesas públicas para ajudar o Estado. Penso que é preciso lembrar isto, para não tirarmos
ilações onde não as podemos tirar.
Protestos do Deputado do PSD António Costa Silva.