I SÉRIE — NÚMERO 85
26
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Antes de dar a palavra ao orador seguinte, queria apenas
chamar a atenção da Câmara para o seguinte: falará agora o Sr. Deputado Jorge Machado e, não havendo mais
inscrições, falará depois, a encerrar o debate, o Grupo Parlamentar do PSD e logo a seguir passaremos às
votações regimentais.
Sr. Deputado Jorge Machado, tem a palavra para uma intervenção.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: No debate de hoje, o PSD centrou a sua
intervenção no Fundo de Solidariedade e na sua execução.
Como diz o nosso povo, «prevenir é o melhor remédio». Além das medidas estruturais de prevenção e
combate aos incêndios e da proteção civil, que o meu camarada João Dias já referiu, importa salientar que há
muito a fazer no sentido de melhorar os nossos mecanismos de proteção civil.
Antes de mais, queria registar um facto: falámos de mecanismos da União Europeia de solidariedade, mas
há o mecanismo europeu de proteção civil que não sai do papel. Somos favoráveis ao desenvolvimento de
mecanismos de cooperação entre Estados no domínio das respostas a situações de catástrofe, sobretudo de
grandes dimensões, e entendemos que há muito a fazer neste domínio. No entanto, ficou claro, nomeadamente
durante os últimos incêndios registados em Portugal, que vieram mais depressa os meios pesados de combate
a incêndios vindos de Marrocos e da Rússia do que os eternamente anunciados pela União Europeia.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Fica aqui registado que a União Europeia gasta mais depressa e de uma
forma muito mais eficaz dinheiro no que se refere ao militarismo do que em mecanismos de proteção civil que
sejam complementares aos nacionais.
Queria também dizer que importa melhorar a proteção civil no nosso País. O PSD pouco ou nada fez para a
melhorar; antes pelo contrário, participou na privatização dos meios aéreos de combate aos incêndios, deixando
o Estado refém de privados, que fazem chantagem quanto ao preço e quanto aos meios disponibilizados.
O PSD e o CDS contribuíram também para a degradação da profissão de bombeiro…
O Sr. João Dias (PCP): — É verdade!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — … e cortaram a isenção das taxas moderadoras para os bombeiros,…
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — … uma coisa tão pequeninha, mas tão simbólica, do desprezo que o PSD
e o CDS-PP têm pelos bombeiros do nosso País.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Para o PCP, importa — e as nossas propostas vão no sentido de melhorar
os mecanismos de proteção civil —, é fundamental, estabelecer uma carta de risco. É preciso avaliar, no nosso
País, quais os riscos do ponto de vista da proteção civil, ajustar os meios e depois definir uma orgânica, uma
estrutura.
É preciso reforçar os meios, com certeza. É preciso, nomeadamente junto dos bombeiros, melhorar os
mecanismos de financiamento, como propõe o PCP. E o Estado deve ter os meios próprios de combate aos
incêndios, nomeadamente aviões pesados e helicópteros, para que não fiquemos dependentes de privados.
Assim como é fundamental, relativamente ao SIRESP, tema abordado por quase todas as bancadas neste
debate, que o Estado construa uma rede pública para comunicações de emergência. A dependência, a PPP
(parceria público-privada) SIRESP revelou-se desastrosa para o erário público e desastrosa do ponto de vista
operacional. A responsabilidade da manutenção de uma PPP que favorece privados e que prejudica o erário