30 DE MAIO DE 2019
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O Sr. Carlos Pereira (PS): — Termino, Sr. Presidente, fazendo uma pergunta concreta ao Sr. Deputado
Bruno Dias: apesar das dificuldades que nós reconhecemos, apesar do impulso que temos de continuar a dar a
esta matéria dos transportes públicos, é ou não verdade que estamos num momento diferente daquele em que
estávamos no passado relativamente a esta matéria dos transportes públicos?
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Heitor de Sousa, na questão que nos colocou, e
que agradeço, diferenciou dois planos, tal como na intervenção do PCP procurámos colocar as questões nesses
dois planos a que é preciso dar resposta, a saber: o plano dos problemas de médio e longo prazo que começa
agora a ser concretizado e avançado —…
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Contem histórias um ao outro!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … e aí está a nossa preocupação, porque há atrasos graves e preocupantes
relativamente a medidas estruturantes e a infraestruturas, a material circulante, enfim, a investimentos vários e
importantes para o nosso País, e daí também o sublinhado que fazemos; e o outro plano, o de agora, já, dos
problemas urgentes e imediatos a que é preciso dar resposta, designadamente a questão que mencionou, e que
ainda esta manhã colocámos ao Sr. Ministro do Ambiente, sobre as deslocações das pessoas de outras regiões
para as áreas metropolitanas, em que aquela resposta que o Ministro e o Governo dão, de remeter para as CIM
(comunidades intermunicipais) e para as áreas metropolitanas, dizendo «entendam-se, falem uns com os outros
e decidam lá como é que fazem», pode, como está a verificar-se, ficar muito aquém das necessidades, e esse
é o alerta que temos feito. Por exemplo, não só a ligação do norte de Lisboa para a AML (Área Metropolitana de
Lisboa) mas também a ligação de Troia para Setúbal, através dos ferries de Troia, uma concessão a privados
que tem sido desastrosa para as populações e que, nesta medida, também está a levantar dificuldades, são
questões de que se tem falado pouco.
Em relação às situações que o Sr. Deputado Carlos Pereira valorizou, como o Programa de Apoio à Redução
Tarifária e, implicitamente também, a intervenção e a proposta do PCP nesta matéria, o que é preciso ter em
conta é que não só as situações de défice de capacidade de resposta do sistema de transportes, que já vinham
de trás, nomeadamente com o desmantelamento que foi operado ao longo dos anos, mas também esta nova
procura, que é induzida por preços mais justos e mais atrativos, por mais opção de utilização do transporte
público que os passes vieram propiciar às populações, que levam a que seja mesmo preciso dar uma capacidade
de resposta diferente às empresas.
Por isso, a pergunta que deixo aqui é esta: por que é que o Governo continua a impedir a contratação de
trabalhadores, que faltam para a Soflusa e Transtejo, para o metropolitano, para a CP e para a EMEF? E isto
não é um problema de concursos públicos para daqui a não sei quantos anos, é para agora, Srs. Deputados!
Fazem falta agora!
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Há dois anos!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — As pessoas têm necessidade de transportes, mas têm de ficar ali a ver os navios
que não circulam por falta de trabalhadores e um sistema que pode funcionar, mas não funciona, porque o
Governo não permite que as empresas contratem os trabalhadores necessários e urgentes. Ora, esta é uma
questão que não podemos deixar de sublinhar, alertando para um problema urgente e indispensável que tem
de ter resposta por parte do Governo. E é nesse sentido que alertamos: estamos em condições de permitir e de
proporcionar uma resposta mais adequada…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Queira terminar, Sr. Deputado.