30 DE MAIO DE 2019
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não foi agora que ocorreu o maior corte do pessoal operacional, Sr. Deputado
Carlos Silva, o maior corte do pessoal operacional na EMEF ocorreu durante a governação anterior, em que se
passou de mais de 1300 para menos de 1000 trabalhadores na manutenção ferroviária. Aquilo que está a
acontecer, e é muito insuficiente, é o estancar dessa hemorragia, mas não se estão a repor os níveis que
existiam quando os senhores tomaram posse e destruíram e desmantelaram setores inteiros da EMEF. É por
isso que as pessoas, hoje, não têm comboios! É que o setor da manutenção foi desmantelado, de uma forma
muito verdadeira, no tempo da vossa governação.
Aquilo que temos vindo a denunciar, denunciamos agora como denunciávamos no passado.
Portanto, mais valia haver algum pudor, para não dizer vergonha na cara, daqueles que agora aparecem ao
pé dos utentes, muito solidários com a luta, quando venderam o catamarã Augusto Gil, porque achavam que
havia barcos a mais na Soflusa, havendo hoje falta de material no serviço de transporte.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Em quatro anos, quantos é que já comprou?!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — As pessoas, hoje, ficam confrontadas com dois pesos e duas medidas de quem,
com essa hipocrisia política, ainda vem criticar aqueles que denunciam os problemas e apresentam soluções e
propostas concretas, como é o nosso caso.
Aplausos do PCP.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Vota aqui a favor e lá fora protesta!…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Passamos ao segundo grupo de pedidos de esclarecimento.
Tem a palavra, para o efeito, o Sr. Deputado Heitor de Sousa, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, queria começar por dizer que
partilho do seu diagnóstico acerca dos problemas existentes no sistema de transportes a nível nacional,
designadamente do seu mau funcionamento, e que o tipo de problemas que o Sr. Deputado coloca é de duas
ordens, que devem ser separadas, porque os planos da sua discussão e resolução são também bastante
distintos.
Em primeiro lugar, há os problemas de médio e de longo prazo, que têm a ver com a estratégia de mobilidade
para os transportes públicos, não só nas áreas metropolitanas mas também a nível nacional, e que envolvem
medidas de fundo, tais como uma das que referiu, e com a qual estamos de acordo, que é a do plano de
renovação e modernização do material circulante a nível ferroviário, medida, essa, que, aliás, vem expressa
num dos capítulos de um projeto de lei do Bloco de Esquerda sobre um plano ferroviário nacional, aqui
chumbado, em conjunto, pelo PS, pelo PSD e pelo CDS. E esse plano de renovação e modernização do material
circulante tem de estar articulado com aquilo que queremos para a rede ferroviária nacional no médio e no longo
prazo.
É que, evidentemente, encomendar 22 comboios para o serviço regional é apenas um paliativo, pois muitos
outros seriam necessários para resolver o problema da deficiente oferta e da má qualidade da oferta existente,
em termos de transporte ferroviário, a nível nacional.
Assim, será necessário decidir tomar muitas outras medidas do género. Infelizmente, o que vemos é que
este Governo, do ponto de vista do investimento público, pouco tem decidido a favor dessas medidas de médio
e longo prazo.
Em segundo lugar, há as outras medidas referidas pelo Sr. Deputado, que são as de curto prazo.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Terminou o tempo de que dispunha, Sr. Deputado.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Termino já, Sr. Presidente.
Sobre essas medidas, permito-me fazer uma pergunta muito concreta. O Programa de Apoio à Redução
Tarifária tem merecido muitos aplausos de várias pessoas, sobretudo das que residem nas Áreas Metropolitanas
de Lisboa e do Porto, mas também tem merecido muitas críticas de muitas pessoas que, residindo fora das