31 DE MAIO DE 2019
17
Estranhamos, porque o PSD olhou sempre de lado para aquilo que representa um dos maiores avanços do
nosso povo no pós-25 de Abril.
Estranhamos, porque o PSD, juntamente com o CDS-PP, foi o único autor da atual Lei de Bases da Saúde,
que veio permitir a promiscuidade entre o setor público e o setor privado, que se instalou entre nós e cujos
resultados, agora, todos podemos constatar. Aliás, atualmente, existem mais hospitais privados do que hospitais
públicos.
E estranhamos, sobretudo, face àquilo que o PSD fez, no que diz respeito ao acesso dos portugueses aos
cuidados de saúde, durante o último Governo.
De facto, por mais que custe ao PSD e ao CDS admiti-lo, se tivéssemos de sintetizar a política de saúde do
Governo anterior, PSD/CDS,…
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Já vamos em quatro anos deste Governo!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — … ela reduzir-se-ia a quatro conclusões centrais: cortes cegos
numa área tão sensível como a da saúde,…
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Quatro anos!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — … encerramento de serviços de saúde por todo o País, um esforço
deliberado no sentido de empurrar os custos para os utentes e, por fim, mas não menos importante, uma
orientação muito clara de engordar o mercado dos privados com interesses na área da saúde, a qual acabou
por culminar no facto de, como já referi há pouco, termos hoje mais hospitais privados do que públicos. Numa
frase, o Governo do PSD e do CDS deixou o Serviço Nacional de Saúde praticamente em coma!
No entanto, Sr.ª Ministra, é claro que a postura deste Governo não pode ser comparada com a que o Governo
anterior assumiu relativamente à saúde, porque isso seria perder tempo. Não há notícias de encerramento de
serviços de saúde, não há notícias de despedimento de profissionais de saúde — bem pelo contrário, verificou-
se, até, um reforço, ainda que insuficiente, dos profissionais de saúde — e não houve novos encargos para os
utentes, nomeadamente a nível das taxas moderadoras e do transporte de doentes, bem pelo contrário.
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Está um caos!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Portanto, a comparação não pode ser feita com o Governo anterior,
porque é incomparável, a comparação tem de ser feita entre aquilo que está a ser feito por este Governo e aquilo
a que os portugueses têm direito, em matéria de saúde. E, quanto a isso, Sr.ª Ministra, de facto, estamos muito
longe. As coisas estão melhor, é verdade, mas não estão bem.
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Melhor?! Onde?!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Não estão bem, por exemplo, a nível dos tempos de espera para
as consultas, sobretudo para as consultas nos médicos de família.
Protestos de Deputados do PSD.
Não estão bem, por exemplo, quando percebemos que, por falta de profissionais, as ambulâncias de
emergência médica do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) estão a atingir níveis de
inoperacionalidade como nunca se viu, já para não dar outros exemplos.
Sr.ª Ministra, tenho duas perguntas, em concreto, para lhe dirigir.
A primeira diz respeito exatamente ao INEM e aos compromissos assumidos pelo Governo relativamente à
contratação de novos técnicos de emergência pré-hospitalar. Recordo que o Governo assumiu o compromisso
de contratar 100 novos técnicos de emergência pré-hospitalar, por ano, a partir de 2016.
Sr.ª Ministra, gostava que nos fizesse um balanço do compromisso que o Governo assumiu nesta matéria,
porque, por aquilo de que temos conhecimento, apenas em 2016 se abriu concurso para 100 novos técnicos,