1 DE JUNHO DE 2019
11
É assim em 2019; era assim no final de 2018, em que só havia duas embarcações a funcionar na travessia de
Cacilhas e uma embarcação na do Seixal e do Montijo; e, no final de 2017, a Soflusa tinha metade das
embarcações a funcionar. Sabemos que este cenário complica muito a vida das pessoas que têm de atravessar
o Tejo todos os dias para irem trabalhar.
Sabemos o que este Governo herdou e ninguém desvaloriza o estado em que o PSD e o CDS deixaram a
Transtejo e Soflusa. E também sabemos o que este Governo fez: contratou dois marinheiros, promoveu quatro
mestres e diz que vai investir 50 milhões de euros em 10 barcos.
A decisão de lançar um concurso para 10 barcos foi tomada em 1 de janeiro de 2019 e a decisão de promover
quatro mestres foi tomada em maio de 2019. Sucede que estamos em junho e o terminal do Barreiro está, agora,
no caos! Neste preciso momento, está instalado o caos no terminal do Barreiro, porque as pessoas não
conseguem embarcar nas horas de ponta, em virtude da supressão de barcos.
O Sr. Ministro do Ambiente e da Transição Energética: — Há greve!
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — O relatório de contas de 2014 da Transtejo/Soflusa dava conta de uma
diminuição, desde 2010 até 2014, que rondava os 60 trabalhadores; dava conta de que, em média, os cacilheiros
têm 33 anos e os ferries têm 56 anos; e também dava conta, como deu conta o relatório que foi feito pela
Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), de que o contrato de serviço público acabou em 2014 e não
foi renovado.
A minha pergunta é a seguinte: o Governo não leu o relatório de contas quando entrou em funções?! É que,
desde 2014, sabia que a situação estava muito complicada. Desde 2014 que não há contrato de serviço público
e, de cada vez que é preciso reparar um navio, é preciso pedir autorização a Mário Centeno.
Portanto, Srs. Membros do Governo, as perguntas que deixo são estas: porquê o atraso? Por que razão é
que só em 2019 vieram resolver os problemas que sabiam que existiam desde que entraram no Governo? Por
que razão é que não contratam todos os trabalhadores que são necessários para resolver o problema da
Soflusa?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral, do Grupo Parlamentar do CDS-
PP.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Ministros, Srs. Secretários
de Estado, para ser sério, este debate tem uma ponta de verdade.
É um facto que o problema no setor dos transportes é de há muito tempo. O que o Governo anterior herdou
foram empresas do setor empresarial do Estado, nomeadamente dos transportes, fortemente endividadas,…
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Falidas!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … completamente presas a swaps, com greves permanentes e
alimentadas a indemnizações compensatórias. Os senhores do Partido Socialista deixaram isso mesmo no
memorando da troica, como soluções para os problemas.
A verdade é que, se olharmos para o que a administração da CP deixou, quando saímos do Governo, foi
uma CP mais forte, com passe social e a ganhar quota de mercado.
E é verdade — não escondo, porque não quero ser hipócrita — que gostamos do modelo privado. Não
privatizamos, mas queremos concessionar, pedir mais investimento, mais gestão e trazer privados para dar mais
e melhor serviço.
Os senhores disseram: «esse modelo não queremos! Temos um modelo melhor, mais eficaz». Por isso, este
debate devia ser sobre a vossa incompetência, sobre a hipocrisia do Bloco, do PCP e de Os Verdes, porque
esse modelo falhou.
Sr. Deputado Heitor de Sousa, o problema não é de há 15 dias, o problema vem desde 2016. Desde 2016
que o serviço se está a degradar permanentemente. Esta é que é a realidade!