I SÉRIE — NÚMERO 99
32
De resto, Sr. Secretário de Estado, os casos multiplicam-se por todo o País e há algumas consequências
que os portugueses estão a enfrentar quando recorrem aos serviços de saúde que não são aceitáveis.
Srs. Membros do Governo, não é aceitável que, em pleno século XXI, no hospital de Évora, as pessoas não
tenham acesso a água quente. Parece os hospitais da União Soviética na década de 80, que também não tinham
água quente, só funcionavam a água fria!
O Sr. João Oliveira (PCP): — A ignorância chega muito longe, realmente! Não se preocupa com a
credibilidade do que diz!
O Sr. Miguel Santos (PSD): — De certeza que, nas suas residências, os Srs. Membros do Governo têm
acesso a água quente!
Protestos do PS.
Como é possível, em pleno século XXI, termos pessoas em unidades do Serviço Nacional de Saúde nessa
situação há mais de um mês? Sr. Secretário de Estado, meta-se no carro e vá a Évora ver o que lá se passa!
Isso não é aceitável!
Protestos do PS.
É um retrocesso civilizacional! Não corresponde a patamares mínimos — mínimos! — de prestação dos
cuidados de saúde.
De resto, há aqui um mistério: o Governo e os Srs. Deputados que o apoiam, não só os do Partido Socialista,
mas também dos outros partidos, continuamente afirmam que o Serviço Nacional de Saúde dispõe de mais 10
800 trabalhadores, funcionários de diversas categorias. É muita gente, Sr. Secretário de Estado! A pergunta que
se coloca é a seguinte: onde é que eles estão? É que esse número não dá para passar despercebido nem dá
para esconder as pessoas! É muita gente!
É claro que nas maternidades de Lisboa não estão. É óbvio que em Évora também não estão. Em Beja e
Portimão também não estão. Portanto, os casos multiplicam-se de Norte a Sul, pelo que é um mistério perceber
como é que o Serviço Nacional de Saúde, tendo mais 10 800 funcionários, presta um serviço de pior qualidade
aos cidadãos e aos portugueses.
É um mistério perceber como é que o Governo afirma que o investimento público no SNS aumenta — é
evidente que não aumenta, Sr. Secretário de Estado! — e o serviço prestado é pior.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Pois é!
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Estas são as explicações que o Sr. Secretário de Estado devia prestar a esta
Câmara para percebermos definitivamente, se os custos globais aumentaram e há mais funcionários, por que
razão a resposta é pior.
Seria interessante também, finalmente, perceber se o Governo já tem uma avaliação disto tudo e se
consegue comprovar tecnicamente o que se está a passar no Serviço Nacional de Saúde para não se ficar só
por parangonas e por afirmações que todas as pessoas sentadas nesta Câmara sabem que não correspondem
à verdade.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder a questões colocadas, a Sr.ª Secretária de Estado da
Justiça, Anabela Pedroso.
A Sr.ª Secretária de Estado da Justiça (Anabela Pedroso): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, muito bom
dia.