I SÉRIE — NÚMERO 103
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e, ainda hoje, continua a não dar os dados de que dispõe para que possamos conhecer exatamente o nível de
atrasos. O Governo continua em falha na disponibilização de informação.
Quando reconhece que o problema é grave e dramático, já depois de alertas da Sr.ª Provedora de Justiça, o
Governo vem dizer aqui, pela voz do Sr. Primeiro-Ministro: «Não se preocupem, o problema vai ser resolvido no
primeiro semestre do ano». Afinal de contas, o semestre passou, os problemas subsistem, o Governo continua
a inventar desculpas e os portugueses continuam à espera.
Sr.ª Deputada, o que lhe pergunto é isto: há alguma esperança para estes portugueses que não passe pela
mudança deste Governo?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — O segundo pedido de esclarecimento é do PCP.
Sr.ª Deputada Diana Ferreira, tem a palavra.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, cumprimento-a
também pela declaração política que fez. A questão dos serviços públicos foi até trazida ao Parlamento pelo
PCP em debate específico e as preocupações com os atrasos no pagamento das pensões e até a dificuldade
no acesso aos serviços da segurança social têm sido alvo de intervenção do PCP em diferentes momentos.
Mas, Sr.ª Deputada, a intervenção que fez ali, da tribuna, não casa com aquela que foi a prática do PSD
quando esteve no Governo.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Ora bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Importa lembrar, Sr.ª Deputada, que o PSD e o CDS encerraram escolas,
encerraram balcões da segurança social, negando o acesso das populações aos serviços da segurança social.
Protestos do Deputado do CDS-PP Filipe Anacoreta Correia.
Fecharam a porta de tribunais, fecharam serviços de saúde, equipamentos de saúde, negando os serviços
públicos de proximidade a muita gente no nosso País. Por isso, a intervenção que fez ali de cima não apaga a
ação do PSD quando esteve no Governo, juntamente com o CDS.
Sr.ª Deputada, insensibilidade social é cortar nos salários e nas pensões, é cortar no abono de família, no
rendimento social de inserção e noutras prestações sociais, como os senhores fizeram quando estiveram no
Governo, é cortar no subsídio de educação especial, negando tratamentos e terapias a crianças com
necessidades especiais. Sr.ª Deputada, essa foi a ação do PSD e do CDS no Governo, que as palavras que
disse ali de cima não apagam. Aliás, se os senhores tivessem continuado no Governo, hoje, na segurança social,
já teriam cortado 600 milhões nas pensões, como os senhores queriam e como inscreveram, até, no vosso
próprio programa.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — O PSD e o CDS têm as mãos cheias de responsabilidade pela atual situação
que se vive na segurança social e não contam com o PCP para denegrir os serviços públicos ou para achincalhar
a segurança social.
Protestos do PSD.
Aliás, o que o PSD e o CDS também querem fazer — e o PSD demonstra-o bem com a sua intervenção —
é fragilizar os serviços públicos, é fragilizar a segurança social, abrir caminho à sua privatização, e, para isso,
não contam com o PCP. Cá estaremos a defender o sistema público, universal e solidário da segurança social.