I SÉRIE — NÚMERO 107
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Protestos da Deputada do BE Mariana Mortágua.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Governo socialista já delineou a sua estratégia em três passos de
mágica. Primeiro, reconhece humildemente que existem problemas graves na vida dos portugueses; segundo,
da noite para o dia, tira da manga um punhado de soluções miraculosas e anuncia-as com toda a pompa e
circunstância; terceiro, remete para os próximos anos ou décadas a aplicação dessas soluções e a resolução
de todos os problemas. Só que, entretanto, passaram-se quatro anos de uma conjuntura particularmente
favorável que o Governo socialista simplesmente desperdiçou.
Em 2018, 20 países cresceram mais do que nós e, neste ano, o cenário não há de ser muito diferente. Ao
contrário do que o Governo afirma, Portugal está a divergir em relação à média europeia, caminhando, cada vez
mais rapidamente, para a cauda da Europa. Se é assim numa boa conjuntura, como será numa conjuntura
menos boa?!
Fosse por falta de coragem, por falta de capacidade ou por falta de vontade política, o certo é que não há
uma reforma digna desse nome levada a cabo nesta Legislatura. Há, quando muito, simulacros de reformas ou
atos falhados de reformas. Veja-se a incapacidade do Governo e do Partido Socialista para aprovar uma nova
Lei de Bases da Saúde; repare-se na insuficiência prática da reforma florestal; atente-se à total indisponibilidade
para, sequer, debaterem uma reforma séria da segurança social.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Bem dito!
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — O Governo socialista está sem um desígnio nacional, sem uma esperança
coletiva, sem uma dinâmica verdadeiramente nacional, e percebe-se bem porquê. Fomos governados, durante
quatro anos, por um impulso de sobrevivência para evitar um naufrágio das forças políticas que o constituem e,
por isso, andámos sempre ao sabor do vento político, da pequena conjuntura, dos acordos pontuais.
Protestos da Deputada do BE Mariana Mortágua e do Deputado do PCP Bruno Dias.
Enfim, andámos ao sabor de tudo, mas nunca andámos na rota de uma política substancial, pensada e
executada no sentido de uma melhoria do País, enquanto tal, e da vida concreta das pessoas.
Pela sobrevivência da geringonça, tudo foi suportável.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem.
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Agora, falam da criatura como se não tivessem sido responsáveis pela
sua criação.
Aplausos do PSD.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: De nada adianta apontarmos os erros se não apontarmos caminhos
alternativos.
Protestos do Deputado do PS Santinho Pacheco.
Dentro de pouco tempo, os portugueses serão chamados a decidir sobre o seu futuro. É imperioso reduzir a
carga fiscal, aliviar as famílias e as empresas portuguesas do peso excessivo dos impostos que hoje pagam, e
este é um compromisso imperativo do PSD. Não é sério dizer que se devolvem rendimentos a uma parte dos
portugueses quando a sua totalidade paga muito mais impostos e taxas do que alguma vez pagou. Por isso,
defendemos que é possível e desejável reduzir a taxa de IRS, assim como reduzir, a sério, a taxa dos bens
essenciais, tais como o IVA da eletricidade e do gás. As empresas têm que voltar a ser encaradas como aliados
do desenvolvimento e do progresso e não como inimigos a abater.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Votaram contra! Que descaramento!