20 DE JULHO DE 2019
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O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Depois da decisão de não promulgação do
projeto de lei relativo à regulamentação da representação legítima de interesses, conhecida como lei do lóbi,
discutimos hoje o caminho a seguir.
Sempre entendemos que a opinião do Sr. Presidente da República deve merecer desta Assembleia respeito
e ponderação. Sempre entendemos, depois, que o processo legislativo nos deve merecer o mesmo respeito e
ponderação, pois todas as precipitações, todos os erros que aqui possam ser cometidos não são sentidos cá
dentro, mas, sim, lá fora por todo o povo português.
A primeira pergunta que compete aqui colocar é a de saber se, no final da Legislatura, quando faltam pouco
mais de dois meses para as legislativas, este é um momento de ação ou de reflexão.
Para o PSD, este é o momento de parar para pensar. Preferimos esperar três meses e ter a certeza de decidir
bem do que correr o risco de decidir mal por causa da pressa e das eleições.
Não é por acaso que muitos dos principais problemas do País estão por resolver. Isso sucede por decisões
justificadas apenas pela caça ao voto, pela preocupação de alguns em fazer e dizer às pessoas apenas o que
pensam que elas gostam de ver e de ouvir. O PSD não é assim!
Protestos do Deputado do PCP Jorge Machado.
Em vésperas de eleições, não se pode mexer em leis estruturantes, literalmente em cima do joelho, sem
tempo para ponderar nem ouvir ninguém.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Além disso, sucede que o projeto de alterações apresentado não dá
satisfação às críticas do Sr. Presidente da República.
Faltou o «todos» na obrigatoriedade da enumeração dos interesses representados, não se fazendo nenhuma
distinção entre quem representa interesses com intuito lucrativo e quem o faz institucionalmente. A UGT (União
Geral de Trabalhadores) ou a CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses) não podem ter o
mesmo tratamento que uma qualquer sociedade por quotas.
A identificação dos rendimentos anuais, agora proposta, não corresponde ao sugerido. Pretendendo o Sr.
Presidente ver criado um regime de lóbi na Presidência da República similar ao da Assembleia, fica-se pelo
meio do caminho: inclui-se na previsão legal a Presidência da República, incluindo a Casa Civil e Militar, o
Gabinete do Presidente e os representantes da República para as regiões autónomas, mas pretende-se que
tenham de fazer os registos de transparência num único sistema, comum a todos os outros titulares de cargos
políticos.
O PSD não embarca em populismos e não anda a reboque de ninguém.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Porque «depressa e bem não faz ninguém» — e o projeto de alterações
apresentado pelo PS e pelo CDS é bem a prova disso —, assumimos a responsabilidade de dizer que este
deixou de ser o tempo de fazer alterações à lei do lóbi.
Estaremos disponíveis para voltar ao processo no início da próxima Legislatura, mas agora, como voltou a
ser tempo para refletir, o PSD votará contra as alterações propostas à lei do lóbi.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José Manuel Pureza, do
Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Há pouco, os Srs. Deputados
Pedro Delgado Alves e Nuno Magalhães diziam, e é verdade no que diz respeito ao Grupo Parlamentar do Bloco