3 DE OUTUBRO DE 2020
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Protestos do Deputado do PS Pedro Delgado Alves.
Sr. Deputado, se quer que lhe diga se eu acho que Mário Centeno é absolutamente incompatível com o cargo
de Governador do Banco de Portugal, digo-lhe que acho! E acho que vamos ter uma comissão de inquérito ao
Novo Banco, que vai explicar-lhe, se dúvidas tivesse, porque é que isso aconteceu, porque o mesmo homem
que conduziu a venda do Novo Banco é o homem que agora supervisiona essa mesma venda e o que resultou
dela.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, faça favor de concluir.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Se isto não é incompatível, não sei o que seria. Já teria terminado a minha intervenção se o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves não estivesse a gritar. E
porque se tornou numa praxe parlamentar os Srs. Deputados tirarem as máscaras quando querem que os
apartes sejam ouvidos e porque acho haver nisso um certo risco para a saúde, talvez não fosse pior se tal
pudesse ser evitado.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Bloco não mudou um milímetro da sua posição desde o início deste debate. É preciso proteger o Banco de Portugal das incompatibilidades face ao
privado, independência face ao regulado. É esse o problema da banca, é quando obedece aos interesses do
privado, que é o regulado. Mas não aceitamos que exista uma incompatibilidade entre quem defende o interesse
público e quem defende o interesse público, mesmo que eu não concorde com a ideia de quem defende o
interesse público.
Sr.ª Deputada do PAN, diferenças ideológicas não se proíbem, discutem-se. E é por isso que o Bloco de
Esquerda defende que a análise de alguém que for para Governador do Banco de Portugal tem de ser debatida
na Assembleia da República, com parecer vinculativo, votado aqui, que comprometa todos os partidos. Não é
proibindo ideias só porque eu não concordo com alguém, que vou resolver, certamente, os problemas da banca
ou de qualquer outro setor da economia portuguesa.
Por isso, desde o início que propusemos um parecer vinculativo. O PAN também o propôs, mas foi um
parecer vinculativo aprovado por maioria absoluta. Sr.ª Deputada, sabe qual é o resultado? Só seria nomeado
quem o PS e o PSD quisessem. Para quem não quer fazer favores ao «bloco central», vou dizer-lhe, Sr.ª
Deputada, que fez um grande favor ao «bloco central». Só não passou porque o PSD e o PS recusaram essa
possibilidade, que foi a possibilidade de dar à Assembleia da República a última palavra sobre quem poderia
ser o Governador do Banco de Portugal. Lamentamos que assim tenha sido. Lamentamos também que, por
proposta do PSD, as incompatibilidades face ao privado tenham reduzido de cinco para três anos. E lamentamos
o expediente e manobras dilatórias para que este processo não se aplicasse com celeridade. Houve, sim,
atrasos no processo, eles contaram sempre com o voto do PSD e do PS, nunca contaram com o voto do Bloco
nem com aquele que atrasou para o dia 1 de janeiro de 2021 a entrada em vigor deste diploma.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — É a vez do Grupo Parlamentar do PS. Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Fernando Anastácio.
Sr. Deputado, estando na segunda fila, tenho de lhe pedir o favor de usar máscara.
O Sr. Fernando Anastácio (PS): — Sr. Presidente, há pouco não houve esse procedimento, mas concordo consigo.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem toda a razão, Sr. Deputado. Peço desculpa. Faça favor de usar da palavra.