24 DE NOVEMBRO DE 2020
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relação entre os fornecedores e o Estado, um privilégio para os primeiros; e há quem encontre na simplificação
administrativa a solução para quase todos os problemas do País. Isto de pagar a tempo e horas é que era
bom!…
Mas, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.as e Srs. Deputados da esquerda parlamentar, hoje têm uma
segunda oportunidade para voltarem atrás, para arrepiarem caminho e ajudarem a transformar o Estado numa
pessoa de bem, que é aquilo que todos os portugueses exigem.
Isso é fácil e não custa 1 cêntimo ao erário público, basta votar favoravelmente a proposta do PSD.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Discutimos agora, nestas avocações, questões laborais e questões sociais.
Em relação às questões laborais, queria dizer o seguinte: nós também achamos que a matéria laboral deve,
em primeiro lugar, ser debatida e acordada em sede de concertação social, com sindicatos e com associações
representativas dos empregadores, e não como o Governo diz. Espantou-nos o facto de o Sr. Secretário de
Estado da Segurança Social ter dito que valoriza a concertação social, designadamente os sindicatos.
Não conheço esse conceito de concertação social em que uns merecem uma consideração superior aos
outros. Isso é exatamente o contrário daquilo que significa a concertação social!
Percebemos que é discurso para agradar à esquerda que vai aprovar este Orçamento.
Mais: o Partido Socialista e o Governo não têm coragem de dizer que não alteram a legislação laboral porque
a legislação laboral atualmente em vigor é aquela que melhor protege o trabalho.
Basta olhar para a estatística e para os dados dos últimos anos para percebermos que foram as alterações
introduzidas pelo Governo PSD/CDS-PP na legislação laboral que permitiram a maior recuperação de emprego
que algum dia o País assistiu e que permitiram, até ao momento em que surgiu a pandemia, a maior
percentagem de população ativa empregada que algum dia o País teve neste século.
Portanto, não dizendo isto o Partido Socialista, é importante que alguém diga, neste Parlamento, que foi essa
legislação laboral que mais protegeu o emprego e que permitiu a mais portugueses estarem empregados.
Ao contrário do que diz a esquerda à esquerda do Partido Socialista, esta não é uma legislação que facilita
o despedimento, esta é uma legislação que facilita a contratação. E por isso é que o Partido Socialista sabe,
mas não diz, que é com esta legislação que nesta crise poderemos vir a recuperar emprego e dar oportunidade
a mais gente para ter emprego.
Em relação à questão social, há que dizer, aqui, aquilo que também não ficou claro, da parte do Governo,
quanto aos acordos de cooperação com o setor social.
Ninguém compreende que o Governo traga uma proposta de Orçamento do Estado que não aumente nem
atualize os acordos de cooperação ao nível do aumento que faz no salário mínimo, quando se sabe que esse
aumento do salário mínimo tem um impacto decisivo na maior componente de despesa das instituições
particulares de solidariedade social, que são os encargos com os trabalhadores.
Portanto, o Governo apresentou o Orçamento e disse: «Estamos abertos para poder aumentar mais e para
poder corresponder àquilo que são as necessidades do setor social». Mas veio a discussão na especialidade e,
aí, o Governo e o Partido Socialista chumbaram as propostas que faziam aquilo que o Governo disse que estaria
disponível para fazer, ou seja, uma atualização dos acordos de cooperação, pelo menos ao nível do aumento
do salário mínimo nacional.
O que não pode acontecer é que o Sr. Secretário de Estado continue a dizer, depois de terem chumbado
essas propostas, que o Governo está aberto a essa alteração. Sr. Secretário de Estado, se o Governo está
aberto a essa alteração, devia ter dito ao Partido Socialista para votar de acordo com a abertura do Governo.
Mas há uma última oportunidade: se aquilo que o Sr. Secretário de Estado nos disse é verdade e se o Partido
Socialista, aqui, no Plenário, respeita a vontade do Governo, então, só pode acontecer uma coisa, que é o
Partido Socialista votar, daqui a pouco, a proposta avocada de acordo com a vontade do Governo.
Srs. Deputados, o Governo quer, efetivamente, aumentar mais os acordos de cooperação — disse-nos agora
o Sr. Secretário de Estado! Não acredito que os senhores não votem de forma a cumprir o desígnio que o Sr.