24 DE NOVEMBRO DE 2020
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problema em votar ao lado da direita. Hoje, já acha que o problema é que o Bloco de Esquerda vote ao lado da
direita. O Sr. Deputado finalmente percebeu o que o Partido Comunista vai perceber em breve, isto é, que com
o Partido Socialista não se pode negociar nenhum Orçamento e que o Partido Socialista está a caminho da
rutura política em Portugal.
Mas queria, ainda, dizer-lhe que as alterações ao Código do Trabalho que estão em cima da mesa revelam
uma coisa que a extrema-esquerda tem revelado sempre, uma total insensibilidade para com aqueles que
mantêm os empregos em Portugal.
Bastou ouvir a intervenção feita há pouco sobre a TSU e comparar o que milhares de portugueses fizeram
no último fim de semana — foram para a rua pedir a isenção da TSU — para se perceber como se anda ao
arrepio daquilo que é querer manter o emprego em Portugal.
Mas digo-lhe mais, Sr. Deputado. O Partido Socialista conseguiu o inacreditável: meter-se num caminho tão
estreito que já não agrada nem à extrema-esquerda, nem à esquerda, nem à direita. Basicamente, já não agrada
a ninguém, exceto àqueles a quem anda a distribuir migalhas para conseguir um voto favorável na quinta-feira.
Protestos da Deputada do PS Hortense Martins.
Foi isso que conseguiu, Sr. Deputado, não foi outra coisa: não conseguiu nem alterações laborais, nem
alterações fiscais, nem alterações sociais, nem mudanças políticas, nem revisão económica, nem aumento
daquilo que deveria efetivamente aumentar, as pensões e os salários.
Por isso, não venha para aqui acenar com estratégias contra a pobreza e com aumentos dos subsídios
sociais, porque este Orçamento é socialmente uma desgraça, e isso é da responsabilidade do Partido Socialista.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Secretário de Estado da Segurança Social, Gabriel Bastos.
O Sr. Secretário de Estado da Segurança Social (Gabriel Bastos): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, em relação às intervenções que foram feitas anteriormente a propósito da posição do Governo em
matéria de revisão da legislação laboral, a minha resposta é clara: o Governo não tem, nesta matéria, qualquer
posição fechada, está aberto à discussão e à negociação em sede de concertação social quanto às propostas
que os parceiros sociais, designadamente os sindicatos, entendam colocar.
Sobre a questão da contrapartida da redução da TSU para o aumento do salário mínimo nacional, a minha
resposta é, também, clara e taxativa: o Governo não tem prevista qualquer redução da TSU para esse mesmo
efeito.
Reafirmo, como o Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro também reafirmou, as declarações recentes, da
passada sexta-feira, da Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, de que estamos no âmbito da
discussão do Livre Verde sobre o Futuro do Trabalho e que estamos abertos a avaliar, num quadro global, todas
estas matérias e, com a participação dos parceiros sociais, em sede de concertação social, tomaremos as
medidas mais adequadas.
Relativamente à intervenção da Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, gostaria de deixar um breve
comentário: este ano, o Governo aprovou o maior aumento de sempre do compromisso com o setor social e
solidário — um aumento de 3,5%.
Protestos da Deputada do PSD Clara Marques Mendes.
O Sr. Presidente: — Sr. Secretário de Estado, peço-lhe para sintetizar.
O Sr. Secretário de Estado da Segurança Social: — Vou terminar, Sr. Presidente. Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, também tomámos uma série de medidas que estamos dispostos a
reforçar ao longo de 2021. Falo de medidas como o MAREESS (Medida de Apoio ao Reforço de Emergência de
Equipamentos Sociais e de Saúde), assim como de uma linha de financiamento de 165 milhões de euros para
o setor social e solidário.
Aplausos do PS.