26 DE NOVEMBRO DE 2020
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Recordo que a proposta relativa aos pagamentos por conta deu entrada para pequenas, médias e grandes
empresas. O PSD foi a correr emendar a sua proposta para que se destinasse só a pequenas e médias
empresas, retirando as grandes empresas, mas, depois, quando viu que isso, mesmo assim, era uma bomba
orçamental de 1500 milhões de euros, reduziu a proposta para um trimestre, como se fosse possível suspender
os pagamentos por conta num só trimestre, e a proposta de redução de portagens que será votada esta tarde,
como a própria UTAO já disse, representa cerca de 120 milhões de euros por ano.
Portanto, pede-se coerência e responsabilidade ao PSD, que é o que não temos visto neste processo
orçamental.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Seguindo agora a praxe de que o Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira falava há pouco, e muito bem, dou a palavra à Sr.ª Secretária de Estado do Orçamento, Cláudia Joaquim.
A Sr.ª Secretária de Estado do Orçamento (Cláudia Joaquim): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, findos estes quatro dias de discussão e votação do Orçamento, não sendo ainda o último dia, é muito importante
fazermos um balanço. E penso que será importante fazermos um balanço sobre o Orçamento que foi
apresentado e sobre a discussão e as votações que têm sido feitas até à data.
O Orçamento do Estado que o Governo apresentou é um Orçamento elaborado num contexto difícil, de
imprevisibilidade, e de imprevisibilidade permanente, diária. Penso que todos reconhecerão isto.
É nesse contexto que o Governo, desde há oito meses, diariamente, semanalmente, tem decidido novas
medidas de política. Estas medidas de política têm sido dirigidas a quem mais precisa: às empresas, aos
empresários, aos trabalhadores, às famílias, aos profissionais de saúde, aos profissionais da educação, a todos
os profissionais do Estado que, também eles, têm tido apoio, que, também eles, têm estado a trabalhar, muitas
vezes em teletrabalho, que, também eles, se têm reinventado todos os dias para continuarem a dar resposta
aos portugueses que precisam.
É também nesse contexto que temos um Orçamento do Estado com muitas medidas novas e um Orçamento
do Estado relativamente ao qual tínhamos consciência de que iríamos precisar dele como instrumento para
podermos decidir novas medidas de política em cada dia do ano de 2021.
É também um Orçamento do Estado que terá de acompanhar toda a evolução desta situação, mas é um
Orçamento do Estado que tem uma margem — e foi com toda essa disposição que o Governo veio para este
debate —, que é a margem de aprovar todas as iniciativas que complementem e sigam o caminho de que o País
precisa.
E é um caminho em que precisamos de reforçar a saúde, em que precisamos de apoiar a educação, em que
precisamos de apoiar todos os trabalhadores e as suas famílias. Mas também é um Orçamento que precisa de
ter toda a margem e que precisa de ser um instrumento para um Governo que, em funções, todos os dias do
ano de 2021 vai precisar de o ter.
E é também nesse contexto que este Orçamento introduziu e permitiu que, nestes dias, e na Casa da
democracia, pudéssemos debater todas estas medidas e iniciativas. E nós podemos considerar, bem como cada
um dos Srs. Deputados e cada um dos grupos parlamentares, que as propostas que apresentaram seriam as
ideais e as melhores. Certamente que sim. Mas nós precisamos de ter um Orçamento que seja visto, no final do
dia de amanhã, como um todo. E, acima de tudo, acho muito importante termos presente o seguinte: quando
este Orçamento for votado, cada medida, cada iniciativa votada ao longo destes dias representa um voto de
responsabilidade ou de irresponsabilidade.
E, Srs. Deputados, será uma irresponsabilidade aprovar-se medidas com custos permanentes para o País,
será uma irresponsabilidade aprovar-se medidas que possam ter encargos de milhares ou de milhões de euros
no futuro, porque nós precisamos de ter, agora, um foco naquelas que são as medidas temporárias,
extraordinárias, para fazer face às necessidades de que os portugueses necessitarão durante o ano de 2021.
E não estamos a governar a pensar apenas no presente. Este Orçamento manteve toda a linha dos últimos
anos. Em toda a linha, não houve uma diminuição da despesa, não houve um corte de apoios, não houve um
aumento de impostos. Este, sim, é um Orçamento estrutural, que mantém o rumo, mas que é um rumo que teve
um percalço, um percalço em que diariamente precisamos de fazer face a novas medidas.