I SÉRIE — NÚMERO 25
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Vamos passar ao Projeto de Voto n.º 401/XIV/2.ª (apresentado pelo PAR e subscrito por Deputados do PS,
do PSD, do PCP, do CDS-PP, do PAN, do CH e do IL e pelas Deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e
Cristina Rodrigues) — De pesar pelo falecimento de Gonçalo Ribeiro Telles, que vai ser lido pela Sr.ª Secretária
Helga Correia.
A Sr.ª Secretária (Helga Correia): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor: «Faleceu, no passado dia 11 de novembro, Gonçalo Ribeiro Telles, aos 98 anos.
Nascido a 25 de maio de 1922, viria a formar-se em Agronomia e em Arquitetura Paisagista em 1950, no
Instituto Superior de Agronomia, cedo marcando com o seu traço a cidade de Lisboa que o viu nascer. Discípulo
de Francisco Caldeira Cabral, foi um eminente professor universitário, consolidando em Portugal a escola de
arquitetura paisagista, cuja primeira licenciatura viria a fundar em 1976 na Universidade de Évora.
Cidadão inquieto e interventivo manteve a sua ação centrada na harmonia da natureza e na defesa da
dignidade da pessoa humana, inaugurando, em Portugal, o discurso ecológico, pioneiro e tolerante.
Monárquico e democrata, foi candidato à Assembleia Nacional pelos Monárquicos Independentes em 1950
e em 1957, e pela Comissão Eleitoral de Unidade Democrática em 1961. Fundador do Partido Popular
Monárquico em 1974, em representação do qual integra os I, II e III Governos Provisórios, como Subsecretário
de Estado do Ambiente, e o I Governo Constitucional, liderado por Mário Soares, como Secretário de Estado da
mesma pasta.
É intensa a atividade que inicia. Integrando a Aliança Democrática em 1979, ao lado de Francisco Sá Carneiro
e Diogo Freitas do Amaral, é por esta eleito para a Assembleia da República nesse mesmo ano, e, novamente,
em 1980 e em 1983. No Parlamento, participa na preparação de leis estruturantes, como a Lei de Bases do
Ambiente, as Leis da Regionalização, do Impacte Ambiental, Condicionante da Plantação de Eucaliptos, dos
Baldios ou a Lei da Caça.
Entre 1981 e 1983, integra o VIII Governo Constitucional, liderado por Francisco Pinto Balsemão, como
Ministro de Estado e da Qualidade de Vida.
Afastado do Partido Popular Monárquico, regressa à Assembleia da República em 1985, como Deputado
Independente eleito nas listas do Partido Socialista. Ainda em 1985, é eleito Vereador da Câmara Municipal de
Lisboa pelo Movimento Alfacinha, por ele fundado. Anos mais tarde, em 1993, funda o Movimento Partido da
Terra.
É imenso o legado de 98 anos de uma vida intensa, na sua cidade de Lisboa e no País que tanto o admirava.
A assinatura do Mestre da Paisagem está um pouco por todo o lado, do jardim ao território, assumindo diversas
escalas: do Jardim Promontório da Capela de São Jerónimo (o seu favorito) à remodelação da Avenida da
Liberdade e do Alto do Parque Eduardo VII, passando pela Mata de Alvalade, pelos Jardins da Fundação
Calouste Gulbenkian (com António Viana Barreto) ou pelo Plano Verde de Lisboa e os corredores ecológicos
que lhe estão subjacentes. Uma boa cidade, como defendia Ribeiro Telles, é a cidade que é trespassada pelo
campo.
Ausente da vida pública há alguns anos, o seu desaparecimento constitui uma grande perda para Portugal,
que tinha em Gonçalo Ribeiro Telles uma das suas grandes e unânimes referências, eternizada que ficará na
nossa memória coletiva como um acérrimo defensor da relação entre o campo e a cidade, da natureza e da
ecologia.
A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento
de Gonçalo Ribeiro Telles, prestando homenagem ao arquiteto paisagista, ao professor e ao cidadão exemplar
e transmitindo à sua família e amigos as mais sentidas condolências.»
O Sr. Presidente: — Aos familiares aqui presentes, apresento as minhas respeitosas condolências. Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que acabou de ser lido.
Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.
Segue-se o Projeto de Voto n.º 402/XIV/2.ª (apresentado pelo PAR e subscrito por Deputados do PS, do
PSD, do BE, do PCP, do CDS-PP, do PAN, do PEV, do CH e do IL e pelas Deputadas não inscritas Joacine