27 DE NOVEMBRO DE 2020
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Em 1951, ao serviço da marinha mercante, fixa-se em Angola, desenvolvendo intensa atividade no Museu
de Luanda. São desse tempo as suas primeiras exposições individuais e o início de uma considerável produção
poética.
Regressado a Portugal, em 1964, reassume o projeto surrealista, não mais o abandonando.
Mais do que na pintura, nas colagens ou nos objetos, Cruzeiro Seixas, o mestre das paisagens lunares
afirma-se no desenho, no qual desenvolve um inconfundível e muito pessoal universo de contrastes.
Pintor, poeta, cenógrafo, ilustrador, colecionador, além de curador de inúmeros artistas que ajudou a lançar
e a promover, Cruzeiro Seixas não gostava que lhe chamassem artista, mas antes ‘um tipo que faz coisas’.
Distinguido como Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, em 2009, pelo seu mérito artístico,
e com a Medalha de Mérito Cultural, em 2020, pelo contributo incontestável para a cultura portuguesa, Cruzeiro
Seixas está representado em importantes coleções públicas e privadas, em Portugal e no estrangeiro.
O seu desaparecimento — sem dúvida um dos artistas que mais marcaram a evolução da arte
contemporânea em Portugal — constitui uma enorme perda para o nosso País e para as artes a nível
internacional, ou não fosse o traço de Cruzeiro Seixas o traço de um dos últimos surrealistas vivos.
A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu profundo pesar pelo falecimento de
Artur do Cruzeiro Seixas, transmitindo à sua família e amigos as mais sentidas condolências.»
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, está presente o Presidente da Fundação Cupertino de Miranda, a quem saúdo.
Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que acabou de ser lido.
Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.
Segue-se o Projeto de Voto n.º 400/XIV/2.ª (apresentado pelo PAR e subscrito por Deputados do PS, do
PSD, do PCP, do CDS-PP, do PAN e do CH, pelas Deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina
Rodrigues e pelo IL) — De pesar pelo falecimento de Artur Portela Filho, que vai ser lido pela Sr.ª Secretária
Maria da Luz Rosinha.
A Sr.ª Secretária (Maria da Luz Rosinha): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:
«Deixou-nos no passado dia 11 de novembro, aos 83 anos, Artur Portela Filho, vítima da pandemia da doença
COVID-19.
Nascido no seio de uma família de escritores, pintores e jornalistas, e filho do histórico jornalista Artur Portela,
de quem herdou o nome, Artur Portela Filho foi um multifacetado jornalista, aliando os dotes da escrita aos da
investigação, numa longa carreira, com passagem por órgãos da comunicação social como o Diário de Lisboa,
Diário de Notícias, República ou A Capital, mas, e muito em especial, pelo Semanário Opção e pelo JornalNovo,
que fundou e dirigiu nos anos 70 do século passado em pleno período revolucionário.
Com formação em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fez aturada investigação
sobre as relações do Estado Novo com a Espanha de Franco ou a Itália de Mussolini. Autor de inúmeras crónicas
de intervenção política e social, contos, novelas e ensaios, dedicou-se especialmente à ficção, publicando mais
de duas dezenas de obras e vendo a primeira, Feira das Vaidades (1959), ser apreendida pela PIDE.
Independente de esquerda, foi sempre muito próximo de Jorge Sampaio, de quem foi antigo colega e amigo,
e em cuja campanha para a Câmara Municipal de Lisboa colaborou. Artur Portela Filho integrou o Conselho de
Comunicação Social, a que presidiu, e, mais tarde, a Alta Autoridade para a Comunicação Social, hoje Entidade
Reguladora para a Comunicação Social, eleito pela Assembleia da República.
A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu profundo pesar pelo falecimento do
jornalista, cronista, ficcionista e investigador Artur Portela Filho, endereçando à sua família e amigos as mais
sentidas condolências.»
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que acabou de ser lido.
Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.