I SÉRIE — NÚMERO 29
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aquilo que está aprovado no artigo do Orçamento e é isso que valorizamos. Agora, a questão fundamental é
como é que se regulamenta e como é que se concretiza este tipo de opção e este tipo de orientação política.
O mesmo dizemos em relação ao pagamento por conta do IRC (imposto sobre o rendimento das pessoas
coletivas). Não estou com o Sr. Ministro das Finanças à minha frente e, sim, com o Sr. Ministro da Economia,
mas há uma opção do Governo e uma orientação que determina a forma como se vai concretizar esta medida
também importante, que é a de não colocar as empresas, precisamente porque têm resultados económicos
completamente diferentes dos dos anos anteriores, a pagar o imposto adiantado como se estivessem nos anos
anteriores. Portanto, a suspensão do pagamento por conta, que o PCP propôs e que a Assembleia aprovou, é
também uma medida importante. A questão é saber em que medida e em que termos é que estas decisões
importantes, mas insuficientes, são levadas a cabo.
Também valorizamos um aspeto que não pode deixar de ser sublinhado, que é o facto de haver a garantia
do pagamento de salários por inteiro aos trabalhadores colocados na situação de layoff. Quando verificamos
que, mesmo para as empresas, o poder de compra é uma variável fundamental para as suas vendas, porque
só se pode vender aquilo que os salários puderem comprar, temos a consciência de que o apoio às micro e
pequenas empresas para assegurar essa capacidade de pagamento dos salários por inteiro é também uma
matéria urgente e necessária. Importa saber em que termos é que se avança, desde já, com a concretização
destas medidas.
Há várias matérias que o PCP tem vindo a colocar em cima da mesa que continuam por levar a cabo, não
venceram, não tiveram vencimento. O PS…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já está a entrar no tempo da segunda ronda.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente. É o caso do IVA (imposto sobre o valor acrescentado) da restauração, que propúnhamos que fosse reduzido
para todos os serviços e produtos e essa proposta não venceu. É a demonstração de que, de facto, há muito
por fazer, por trabalhar e por lutar, e essas propostas do PCP continuam a ter atualidade.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro Pedro Siza Vieira.
O Sr. Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, o seu a seu dono. Tivemos um debate em Comissão, requerido pelo PCP, sobre apoios a micro e pequenas
empresas e, na verdade, muitos dos temas que o Sr. Deputado aqui referiu foram levantados por si precisamente
nessa audição e que estão a ter, digamos assim, acolhimento em medidas que o Governo aprovou.
Deu muito trabalho! É bom ter intenções, é bom pretender chegar não a 100 000 empresas, mas a 230 000
empresas, que é aquilo que significa o alargamento aos empresários em nome individual sem contabilidade
organizada, nestes setores apoiados. Dá trabalho! É preciso encontrar recursos, é preciso regulamentar e nem
sempre conseguimos fazer tudo aquilo que desejaríamos. Mas o seu a seu dono, como dizia!
Queria também referir que a resposta final a esta pandemia vai ser a ciência a dá-la. Eu tenho estudado,
tenho lido muito sobre a gripe asiática dos anos 50 e sobre a gripe pneumónica de 1918/1919 e, sobretudo, esta
última é muito interessante. Na altura, a ciência não era o que é hoje, não se conhecia a existência de vírus, não
se tinha atendimento hospitalar da qualidade que temos hoje em dia, portanto, essa gripe foi absolutamente
devastadora — 5% da população mundial acabou por falecer, em resultado dessa doença.
Contudo, quando os países são confrontados com uma doença causada por um vírus que ainda era
desconhecido, a resposta inicial que se dá, para ganhar tempo para que os serviços de saúde possam
responder, é exatamente idêntica àquela que foi dada há 100 anos, é exatamente idêntica àquela que a
humanidade conhece para doenças contagiosas, desde ao longo dos séculos: restrições às atividades
económicas, restrições aos contactos, e isto aconteceu em toda a Europa.
Eu não vou discutir se as medidas restritivas são ou não corretas. Nessa matéria, como há de compreender,
o Ministro da Economia faz chegar ao Conselho de Ministros preocupações relativamente a alguns setores em
particular. Tivemos muita atenção à questão dos equipamentos de diversão itinerante, tivemos muita atenção à