23 DE DEZEMBRO DE 2020
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Toda a gente sabe que a Autoridade Tributária apenas tem dados fechados em finais de janeiro e, dessa forma,
é impossível a sua aplicação no início do ano.
Protestos do Deputado do PSD Cristóvão Norte.
Por isso, a proposta do PSD, em vez de resolver os problemas, impossibilita os apoios que quer criar.
Aplausos do PS.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — É escandaloso!
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, do Grupo Parlamentar do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, a proposta de alteração que o PCP avocou a Plenário neste processo legislativo tem a ver com uma questão que ainda agora foi referida, que é a
do regime extraordinário e transitório de proteção dos arrendatários.
Há um conjunto de situações que hoje não podem acontecer, porque há um regime em vigor que termina a
31 deste mês e que, nos termos da proposta de lei do Governo, será prorrogado até ao final do primeiro semestre
de 2021. Ou seja, não pode haver a caducidade dos contratos de arrendamento habitacionais e não
habitacionais, salvo se o arrendatário não se opuser à cessação; não pode haver denúncia dos contratos por
iniciativa do senhorio ou a revogação, ou oposição à renovação dos contratos, nos termos do arrendamento
habitacional ou não habitacional.
Na opinião do PCP, manter este regime por mais seis meses é claramente insuficiente. Devemos conferir
estabilidade, previsibilidade e consistência à forma como as famílias e as empresas olham para o período que
se aproxima, em 2021, não apenas para o primeiro semestre, mas, sabendo que não se pode afirmar que o pior
já esteja ultrapassado, é preciso que haja previsibilidade e segurança para os arrendatários, para as famílias,
para as micro, pequenas e médias empresas, e é nesse sentido que, tal como tínhamos proposto desde o início,
devemos apontar para que o prazo de efetividade e de vigência deste regime transitório seja o ano de 2021 e
não apenas o primeiro semestre.
É esse o sentido da proposta do PCP e é isso que colocamos à consideração do Plenário.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, já tínhamos ouvido de tudo do Partido Socialista, mas hoje ouvimos o topo do topo, que é «não pensem na proposta; a razão é simples, é que os dados
da Autoridade Tributária não estão fechados a tempo.» É por isso! É porque não há regulamentação e porque
os dados da Autoridade Tributária não estão fechados a tempo!
Protestos do Deputado do PS Hugo Costa.
Não, não é porque o PS prometeu apoios a fundo perdido e não os concedeu, não é porque prometeu uma
solução e deu mais endividamento, com pedidos de crédito sobre pedidos de crédito, que mais não fazem do
que lançar um setor já em chamas mesmo para o meio da fogueira, não é pela Autoridade Tributária, nem pela
falta de regulamentação… É por falta de coragem política que estas medidas não são aqui aprovadas. Temos
setores em que mais de 50% não pagam rendas há três meses. Mais de 50%! E o que é que o Governo faz?
Diz que manda para a Assembleia, depois a Assembleia manda para o Governo e continuamos à espera de
solução. Temos setores que, só no último mês, não conseguiram pagar uma única prestação! E o que é que o
Governo faz? Manda para a Assembleia, que manda para Governo e ficamos à espera.
Hoje, o PS não tem desculpa. Tem a hipótese, nesta Assembleia, de votar aquele que é o possível equilíbrio
de poderes e de interesses para salvaguardar aqueles que arrendam e também aqueles que detêm as
propriedades para arrendamento. Ser de esquerda também é defender aqueles que estão a lutar pela economia,