9 DE JANEIRO DE 2021
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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Bem lembrado!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Os que não aprovaram a Lei de Bases da Saúde, se forem coerentes com as palavras que vão dizendo sempre que estes profissionais se dirigem à Assembleia da República através de
petições ou de outros instrumentos, então só podem votar a favor deste projeto de lei do Bloco de Esquerda
para a criação da carreira de técnico auxiliar de saúde.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra o Grupo Parlamentar do PAN. Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, pode intervir.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Discutimos hoje a petição n.º 1 da XIV Legislatura. Gostaríamos não só de saudar os peticionários como também de agradecer a sua resiliência
por voltarem a trazer à Assembleia da República esta petição, insistindo na reposição da justiça perante uma
situação que se arrasta há 12 anos.
No processo de revisão dos regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações, a categoria de auxiliar
de ação médica foi incluída nas carreiras gerais do Estado com o nome de assistente operacional, perdendo,
assim, a autonomia de que dispunham. Em 2008, o Governo escolheu equiparar os auxiliares de ação médica
a outros profissionais do setor do Estado sem especialização. Esta situação condicionou os técnicos auxiliares
de saúde a uma categoria de caráter geral, resultando em cenários de indefinição na designação das suas
tarefas e competências assim nas obrigações, deixando ao livre arbítrio das chefias estas classificações e a
distribuição de funções.
Sr.as e Srs. Deputados, o conteúdo funcional de um técnico auxiliar de saúde em nada se coaduna com o
conteúdo funcional dos assistentes operacionais, com os quais foram equiparados, pois estes não têm a
formação e a qualificação necessárias para o desempenho das funções alocadas aos técnicos auxiliares de
saúde. Em boa verdade, os auxiliares de ação médica, em 2008, viram ser-lhes retirada a sua carreira, a qual
nunca mais foi reposta. Nunca nenhum Governo corrigiu esta injustiça. Sr.as e Srs. Deputados, é só termos a
capacidade para uma viagem de imaginação guiada e empatia para nos colocarmos no lugar destes profissionais
que são um pilar fundamental das políticas públicas de saúde!
Os antigos auxiliares de ação médica pugnam, justamente, pela reposição de uma carreira enquanto técnicos
auxiliares de saúde. Em 2010, o Governo criou o Curso Profissional de Técnico Auxiliar de Saúde mas não há
uma carreira para lhe dar seguimento, ou seja, além de ter retirado uma carreira, decidiu criar falsas ilusões nos
nossos jovens, oferecendo-lhes uma formação para uma profissão que não está regulamentada. À semelhança
dos restantes profissionais de saúde, têm, diariamente, os constrangimentos, as obrigações e os riscos de todos
os outros profissionais de saúde a quem se exige especialização e formação, mas falta-lhes a regulamentação
da carreira, com vista a clarificar as suas competências técnicas, a estrutura da sua carreira e as funções
desempenhadas, algo fundamental na dignificação e na valorização profissional.
Não podemos esquecer-nos, Sr.as e Srs. Deputados, que estes profissionais dão corpo a 20% do nosso
Serviço Nacional de Saúde. São estes profissionais que, no dia a dia, desempenham funções basilares junto
dos doentes — higienização, alimentação e outros cuidados básicos para o respeito pela dignidade humana. O
real reconhecimento que podemos dar a estes profissionais é o da clarificação e o da definição dos princípios
gerais respeitantes ao exercício profissional dos técnicos auxiliares de saúde.
Com este projeto de lei que trazemos, propomos que o Governo proceda à tão urgente regulamentação desta
profissão e à definição dos princípios do exercício profissional desta carreira.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do PCP. Tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, o Grupo Parlamentar do PCP quer também dirigir um cumprimento aos peticionários que trouxeram à Assembleia da
República, mais uma vez, a questão da criação da carreira de técnico auxiliar de saúde.