I SÉRIE — NÚMERO 36
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Permitam-nos, também, que o PCP saúde todos estes trabalhadores pelo seu empenho e dedicação. Todos
os dias, estes profissionais estão nos centros de saúde e nos hospitais, apesar de não terem uma carreira
específica e de não serem dignificados no plano dos seus direitos, para prestar os cuidados de saúde
necessários a todos os utentes e doentes. Nesta fase do combate à pandemia, revelaram que são
indispensáveis e, também, necessários e viu-se como o seu desempenho profissional é importante no âmbito
do Serviço Nacional de Saúde.
Com a aprovação da Lei n.º 12-A/2008, de 27 de fevereiro, sobre os regimes de vinculação, de carreiras e
de remunerações dos trabalhadores da Administração Pública, os então auxiliares de ação médica viram a sua
carreira destruída e foram integrados na carreira geral de assistente operacional. A integração nesta carreira
geral, para além de significar a destruição de uma carreira específica que tinha em conta o seu desempenho
profissional e as suas especificidades, conduziu a uma desvalorização no plano dos direitos destes
trabalhadores e dos conteúdos funcionais, não correspondendo às especificidades das funções exigidas a estes
trabalhadores nos serviços públicos de saúde do Serviço Nacional de Saúde.
De acordo com o último balanço social do Ministério da Saúde, que está publicado e é público, existem 26
740 assistentes operacionais, ou seja, estamos a falar de cerca de 20% do total de trabalhadores do Ministério
da Saúde. A profissão de técnico auxiliar de saúde consta do catálogo nacional de profissões, mas os
trabalhadores que exercem as funções de técnico auxiliar de saúde nas unidades do SNS, hoje, estão na carreira
de assistente operacional.
São estes trabalhadores que dão formação aos novos técnicos auxiliares de saúde, embora não tenham uma
carreira específica na Administração Pública. Portanto, apesar de não terem uma carreira, estamos a falar de
um conjunto de trabalhadores cuja realidade revela que há, de facto, esta necessidade, pois desempenham
estas funções, não havendo qualquer justificação para que não haja uma carreira específica, ou seja, a carreira
de técnico auxiliar de saúde.
Há mais de uma década que os trabalhadores lutam pela carreira de técnico auxiliar de saúde e esta é a
solução que permitirá dar o enquadramento às funções atualmente exercidas por estes trabalhadores,
considerando as suas especificidades.
A criação da carreira de técnico auxiliar de saúde, para além de ser da mais elementar justiça para estes
trabalhadores, contribui para a sua valorização e, também, para a melhoria dos cuidados prestados no Serviço
Nacional de Saúde. Entendemos que a valorização e o reforço do Serviço Nacional de Saúde não passam por
conteúdos funcionais desvalorizados e por baixos salários. Ainda por cima, estes trabalhadores viram-se sem
qualquer perspetiva de progressão, tendo-lhes sido roubados — roubados é a palavra certa — os pontos que
possibilitavam essa mesma progressão, o que, na nossa opinião, é verdadeiramente injustificável e inaceitável.
A valorização e o reforço do Serviço Nacional de Saúde passam pela valorização das carreiras e, neste caso
em concreto, pela criação da carreira de técnico auxiliar de saúde.
Entendemos que a reposição, a valorização e a criação de carreiras são matérias de negociação coletiva
com as organizações sindicais. Por isso, o PCP, neste debate, traz uma iniciativa legislativa que propõe que o
Governo inicie e desenvolva os processos de negociação coletiva com as organizações sindicais para a criação
da carreira de técnico auxiliar de saúde, considerando as especificidades das funções desempenhadas,
assegurando a valorização da carreira, a progressão e a consequente tradução remuneratória.
Quem diz defender os trabalhadores da saúde e quem diz haver necessidade da sua valorização só pode
acompanhar esta iniciativa do PCP porque, se queremos valorizar efetivamente os trabalhadores na área da
saúde, se queremos efetivamente que estes trabalhadores sejam, do ponto de vista da sua carreira, dignificados
e valorizados, é necessário dar o passo para a criação da carreira de técnico auxiliar de saúde.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar de Os Verdes, o Sr. Deputado José Luís Ferreira, para uma intervenção.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Através da Lei n.º 12-A/2008, o diploma que veio estabelecer os regimes de vinculação de carreiras e de remunerações dos trabalhadores que
exercem funções públicas, a categoria de auxiliar de ação médica, que existia há mais de 40 anos, foi extinta,
tendo estes trabalhadores que exerciam funções no Serviço Nacional de Saúde sido integrados na carreira de