I SÉRIE — NÚMERO 47
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Foi ainda diretor titular da Orquestra Sinfónica do Porto, conselheiro artístico de Lisboa, Cidade da Música,
criador da iniciativa Música em Diálogo e fundador da Orquestra Clássica do Porto.
Em 1998, com o apoio da Câmara Municipal de Fafe, fundou uma Academia de Música naquela cidade, à
qual foi dado o seu nome.
Ao longo da sua longa e rica intervenção de divulgação musical, Atalaya foi um empenhado defensor da
necessidade de ‘destruir a barreira entre o público e o artista’ e de ‘informalizar os concertos’, procurando alargar
a fruição a novos públicos e cativar as gerações mais novas.
Assim, a Assembleia da República reunida em sessão plenária, presta homenagem ao legado do Maestro
José Atalaya e ao seu papel na vida cultural e musical portuguesa das últimas décadas, e endereça aos seus
familiares e amigos as suas sentidas condolências.»
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que
acaba de ser lido.
Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade, registando-se a ausência do CH.
Passamos, agora, ao Projeto de Voto n.º 475/XIV/2.ª (apresentado pelo PAR e subscrito pelo PS, pelo PSD,
pelo BE, pelo PCP, pelo CDS-PP, pelo PAN, pelo CH, pelo IL e pelas Deputadas não inscritas Cristina Rodrigues
e Joacine Katar Moreira) — De pesar pelo falecimento de Carmen Dolores.
Peço à Sr.ª Secretária Maria da Luz Rosinha o favor de ler este projeto de voto.
A Sr.ª Secretária (Maria da Luz Rosinha): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o projeto de voto é do
seguinte teor:
«Faleceu, no passado dia 15 de fevereiro, aos 96 anos, a atriz Carmen Dolores.
Carmen Dolores foi uma das grandes atrizes portuguesas, tendo-se notabilizado no teatro, no cinema, na
rádio e na televisão.
Na rádio, onde começou a sua carreira, distinguiu-se a declamar poesia e como atriz de teatro radiofónico.
Foi também por esta altura que, aos 21 anos, Carmen Dolores aderiu ao Conselho Nacional das Mulheres
Portuguesas, uma organização feminista de defesa dos direitos sociais e políticos das mulheres, que o regime
do Estado Novo viria a encerrar em 1947.
Na televisão, participou em várias telenovelas, como ABanqueira do Povo ou A Lenda da Garça.
No teatro, Carmen Dolores estreou-se em 1945, no Teatro da Trindade, com Electra, a mensageira dos
deuses, de Jean Giraudoux. Em 1951, passou a trabalhar no Teatro Nacional D. Maria II, sob a direção de
Amélia Rey Colaço, onde participou em peças como Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett. Ao longo das
décadas, esteve ainda ligada, entre outros, ao Teatro Nacional Popular, assim como ao Teatro Moderno de
Lisboa, que ajudou a fundar, em 1961.
Foi também protagonista em vários filmes de cinema, como Amor de Perdição, de Leitão de Barros, ou A
Balada da Praia dos Cães, de José Fonseca e Costa.
Carmen Dolores teve uma profícua carreira de mais de 60 anos. Retirar-se-ia dos palcos aos 81 anos, com
a peça Copenhaga, no Teatro Aberto, encenada por João Lourenço.
O percurso desta notável atriz foi reconhecido pelo público, assim como por várias entidades, tendo-lhe sido
atribuída a Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Lisboa, o Prémio Sophia de Carreira da Academia
Portuguesa de Cinema ou o Prémio António Quadros, de Teatro.
Carmen Dolores foi ainda distinguida como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente
da República Jorge Sampaio e, em 2018, como Grande-Oficial da Ordem do Mérito, pelo Presidente da
República Marcelo Rebelo de Sousa, distinção conferida no Teatro da Trindade, cuja sala principal tem hoje,
merecidamente, o seu nome.
As reações à sua morte comprovam a admiração e o prestígio de que gozava, nomeadamente entre os seus
pares de profissão, que lhe destacam as qualidades humanas, assim como o empenho na defesa dos
profissionais das artes, tendo sido uma das fundadoras da Casa do Artista.