26 DE MARÇO DE 2021
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente! Bem lembrado!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Perante as evidências que se foram somando ao longo deste ano que passou,
desde a nossa proposta, o PCP voltou a apresentar uma nova iniciativa, porque neste momento só há uma coisa
a fazer, que é usar a prerrogativa que o Governo tem para impedir esta venda e este negócio de 2200 milhões
de euros.
Sr. Deputado Afonso Oliveira e Srs. Deputados do PSD, como é que, desta vez, o PSD vai votar esta
iniciativa, sabendo tudo aquilo que hoje sabe? Vai aprovar a proposta do PCP, que recomenda ao Governo que
impeça este negócio? É esta a pergunta que aqui fica.
Ao contrário da iniciativa do PCP, a proposta que o PSD hoje avoca não iria resolver nada. Não é por esta
alteração da redação que a EDP passa a ter ou deixa de ter direito à isenção fiscal. Pelo contrário, fazer esta
alteração agora poderia até dar argumentos à EDP para validar a sua posição.
Estamos disponíveis para, com pés e cabeça, alterar as disposições do regime das reestruturações
empresariais para impedir este tipo de esquemas. Para artifícios políticos, que não resolvem nada, não contem
connosco.
Quanto a este negócio, ainda vamos a tempo de o impedir. O Governo pode e deve fazê-lo para a
salvaguarda do interesse nacional. O PCP não deixará de o exigir, com iniciativas consequentes e não com
iniciativas como as que hoje são aqui trazidas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Anastácio, do PS.
O Sr. Fernando Anastácio (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Afonso Oliveira, o que
estamos aqui a discutir hoje é uma proposta do PSD para revogar o artigo 60.º do EBF, uma questão de matéria
estritamente fiscal.
O que o PSD pretende não é mais do que repristinar uma norma de um imposto que não existe há mais de
10 anos, o que demonstra uma completa falta de rigor e de estudo sobre estas matérias.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Fernando Anastácio (PS): — Era bom olharem para a legislação. Aliás, eu percebo que uma coisa
metida à 25.ª hora, no fim do debate de uma outra, não podia dar outro resultado que não fosse esse mesmo.
O que o PSD está a fazer é a repristinar uma desigualdade fiscal, que prejudica as verdadeiras
reestruturações empresariais, que, nomeadamente, tenham arrendamentos, criando obstáculos e prejudicando,
isso sim, o tecido empresarial português. Este é o resultado da vossa proposta.
O PSD tem a obrigação de justificar tecnicamente o porquê desta proposta em concreto e de não andar à
volta de outras questões, mas não o faz. Neste quadro concreto, o PSD quer aumentar a tributação das
empresas portuguesas que querem reestruturar… Aliás, o PSD nunca apresentou qualquer justificação concreta
para o que pretende. E é notório e estranho que o PSD, num quadro de pandemia, se coloque como o único
partido que, no fundo, traz em concreto uma proposta de aumento de impostos. De facto, é isso que está em
cima da mesa.
Sr. Deputado Afonso Oliveira, de uma vez por todas — e sejamos sérios — esta proposta não visa resolver
uma questão fiscal, visa tomar uma posição estritamente populista, atrás de um outro debate. Temos lugar para
o fazer, mas não é nesta norma em concreto.
Sr. Deputado, nestas matérias, é altura de ser responsável. É isso que vos aconselhamos: responsabilidade
e seriedade.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.