I SÉRIE — NÚMERO 53
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A Sr.ª Deputada não está a proteger os animais. Nesse sentido, acima de tudo, está pouco preocupada com
o bem-estar animal.
O Sr. João Moura (PSD): — Muito bem!
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra, também para um pedido de esclarecimento, o Sr.
Deputado João Azevedo Castro, do PS.
O Sr. João Azevedo Castro (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, agradecemos à Sr. Deputada
Inês de Sousa Real o tema sugerido. Gostaríamos de o abordar no âmbito do que conhecemos como produção
animal.
A agricultura e a pecuária constituem uma atividade económica essencial para a vida humana. A pecuária é
um setor que se transformou de forma assinalável, que se reestruturou, que se organizou e preparou para os
desafios do futuro. Constitui uma atividade fundamental no setor agroalimentar, responsável por uma produção
segura e acessível do alimento de maior valor nutricional conhecido, presente na roda dos alimentos — o leite.
É indispensável na alimentação das populações. Dela dependem muitas famílias e empresas. Hoje, é uma
marca de muitos dos nossos territórios, contribuindo de forma significativa para a relação do Homem com a
natureza e com os animais, que vai muito para além dos animais de companhia.
Há longos anos que o País implementa e respeita regras de maneio e de bem-estar animal. Ninguém gosta
mais dos seus animais do que os produtores pecuários.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. João Azevedo Castro (PS): — Alimentam-nos todos os dias, levantam-se às horas que for necessário
quando estão doentes e conhecem o seu nome. Até há vacas felizes!
Portugal e as suas regiões têm um forte potencial para produzir mais alimentos e para sermos mais
autossuficientes. Os tempos de dificuldade devem significar uma oportunidade para a implementação de
políticas que contrariem o despovoamento do mudo rural e a valorização do nosso território.
Em relação à pegada ambiental, a ciência já demonstra que é possível reduzir drasticamente as emissões
produzidas, nomeadamente na pecuária, assegurando o desiderato da alimentação.
Sr.ª Deputada, a pergunta que lhe deixo é a seguinte: no contexto óbvio da indispensável sanidade animal,
qual é a alternativa do PAN para os nossos territórios e para o mundo rural? Acha mesmo que o caminho é o
da restrição e de imposição de uma ditadura alimentar, como tem preconizado?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem ainda a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada
Maria Manuel Rola, do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Maria Manuel Rola (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, quero começar por agradecer à
Sr. Deputada Inês de Sousa Real por ter trazido esta questão a Plenário.
Quero também dizer que foram aqui feitas intervenções que me parecem bastante «estratosféricas»,
nomeadamente a do Sr. Deputado João Moura.
Mas aquilo que nos interessa tem, de facto, a ver com esta impunidade e esta falta de fiscalização
relativamente à indústria pecuária. Estamos a falar muito das questões do bem-estar animal, mas estamos
também a falar de questões de licenciamento, de aproveitamento do meio hídrico e, também, da própria poluição
hídrica.
Vou dar três exemplos para percebermos como é que ainda não estamos assim tão evoluídos, Sr.as e Srs.
Deputados, no que concerne à exploração pecuária.
Em Lousada, existe uma pecuária que toma as margens do rio e tem mais efetivos pecuários do que é
permitido por lei. E isso continua a ser permitido.