16 DE ABRIL DE 2021
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A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os Verdes consideram que o tema
que hoje o CDS traz para discussão é muito pertinente.
O cancro é considerado o principal problema de saúde pública a nível europeu e é conhecida a crescente
incidência do foro oncológico derivada, em larga medida, das alterações nos hábitos de vida, de trabalho,
alimentares e, até, de problemas ambientais.
A resposta do Serviço Nacional de Saúde ao doente oncológico era, antes de eclodir a epidemia,
consensualmente elogiada, mas sabíamos que não era perfeita.
Eram já conhecidas lacunas, que aqui procurámos combater, designadamente quando fizemos aprovar, por
unanimidade, a recomendação ao Governo para se avançar com um plano estratégico para a implementação
do rastreio do cancro do cólon e reto, do cancro do colo do útero, do cancro da mama e da retinopatia diabética,
tendo até por base o pressuposto de que o investimento na prevenção significa, no futuro, poupança nos custos
em saúde na área oncológica e uma taxa mais elevada de sucesso.
Entretanto, a eclosão da epidemia da COVID-19, a difusão da ideia de que se deveria cancelar tudo e a
disseminação do medo veio introduzir problemas novos e muito graves, tais como a redução drástica de rastreios
e da atividade clínica, também na área oncológica.
Leem-se os projetos do CDS e coloca-se a questão de se estarão a fazer a revisão retroativa do seu
posicionamento. É que, em sede de debate do Orçamento de Estado, Os Verdes propuseram que, no primeiro
trimestre de 2021, o Governo contratasse médicos de família, enfermeiros, secretários clínicos e assistentes
operacionais em falta nos cuidados de saúde primários, propuseram que o Governo disponibilizasse as verbas
necessárias à execução das intervenções de requalificação exigíveis nos centros de saúde e que fosse garantido
o fornecimento de material clínico e medicamentoso, cuja falta compromete a eficiência da prestação nos
cuidados de saúde, e o CDS, que hoje manifesta justas preocupações, na altura não votou a favor a proposta
apresentada pelos Verdes.
Não eram já conhecidas as dificuldades nos cuidados de saúde primários, tão importantes para a prevenção
e para o diagnóstico atempado? Ou será que este conjunto de propostas de recomendação são apenas um
embrulho para justificar a entrega de mais uma fatia do orçamento da saúde ao setor privado?
Como temos afirmado, sucessivamente, ao longo dos últimos meses, estamos perante uma emergência, a
emergência de garantir a toda a população o direito aos mais qualificados cuidados de saúde.
Consideramos que a resposta continua a estar no desenvolvimento da investigação, no reforço do SNS e na
sua gratuitidade, para bem de todos os que sofrem e venham a sofrer de uma doença oncológica.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção será do Grupo Parlamentar do Partido
Socialista, pela Sr.ª Deputada Telma Guerreiro.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Telma Guerreiro (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Agradecemos a oportunidade que
os projetos de resolução trazem para podermos discutir o tema da luta contra o cancro em Portugal, tema com
certeza consensual na sua importância e relevância, que está na agenda há muitos anos e que está hoje,
também, mais do que nunca.
Está hoje, mais do que nunca, na agenda porque é uma prioridade para o nosso Governo; está hoje, mais
do que nunca, com a priorização da União Europeia, que apresentou recentemente uma estratégia de
financiamento para apoiar os Estados-Membros na melhoria do controlo do cancro e da prestação de cuidados
para reduzir o sofrimento causado pela doença; está hoje, mais do que nunca, na agenda porque, infelizmente,
a pandemia que vivemos atrasou diagnósticos, interrompeu tratamentos, prejudicou o acesso a medicamentos,
um impacto profundo na qualidade de vida das pessoas.
Compreendemos, por isso, que também queira o CDS colocar o tema na sua agenda política, mas não
podemos deixar de dizer que as medidas que apresenta pouco acrescentam face ao que já está a ser
desenvolvido ou planeado, a nível nacional e europeu.
Com uma fonte de inspiração segura, o CDS até teve tempo suficiente para pesquisar no portal do
Parlamento e concluir que o PS, desde 2005, não apresenta iniciativas sobre o tema — assim o escreve no seu
projeto.