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I SÉRIE — NÚMERO 65

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Caros Colegas, além desse discurso que cheira a mofo, vieram, agora, no final deste debate, com uma outra

lógica, com a lógica do admirável mundo novo de que está tudo bem. Na Guarda, é uma maravilha! Em Castelo

Branco, é uma maravilha! Está tudo a arrancar! Agora é que o País está a funcionar! Mas que estado de negação

é este, Srs. Deputados? Mas que estado de negação é este?

Os Srs. Deputados têm de convir que é surpreendente que este Governo — alguém lembrou, e bem — venha

falar de portagens. Sr. Deputado João Azevedo, o senhor disse que está a criar-se uma fileira para se circular

nas autoestradas sem pagar? Então, os senhores há menos de um ano votaram contra uma proposta, neste

Parlamento, para reduzir o preço das portagens e agora querem circular sem pagar?!

Aplausos do PSD.

Protestos do Deputado do PS João Azevedo.

Não, não, Sr. Deputado! O senhor, quando lá passar, tem de pagar portagem, porque o senhor não quer

abolir as portagens! O senhor não quer abolir as portagens! O Partido Socialista não quis!

Srs. Deputados, apenas queria dizer à Sr.ª Ministra o seguinte: ninguém duvida das suas boas intenções, da

sua boa vontade, mas, neste caso, a impressão que fica, ao fim de quase dois anos de Governo, é a de que o

Ministério da Coesão Territorial deixou de ser Ministério da Coesão Territorial para ser mais o «ministério da

desilusão territorial» ou o «ministério da frustração territorial». Há muita frustração!

Protestos do PS.

Pensávamos que era desta que as coisas arrancavam, mas não. Se a Sr.ª Ministra tem vontade de fazer

coisas? Tem! Se tem força para fazer coisas? Aí é que está o busílis da questão, Sr.ª Ministra! Esse é que é o

grande problema! E a maior confissão da fragilidade deste Ministério vem da boca da Sr.ª Ministra.

Aplausos do PSD.

É que a Sr.ª Ministra diz que, quando tem de decidir, quando tem de bater às portas de todos os ministérios

— até diz que faz o pino, que implora aos seus colegas para aderirem e para acolherem a sua lógica, que é a

correta, de desconcentração de serviços —, quando faz isso, fecham-lhe a porta. Mas, Sr.ª Ministra, no dia a

seguir está tudo na mesma, pois a Sr.ª Ministra continua com a sua pasta, o Sr. Primeiro-Ministro ignora

olimpicamente os seus pedidos e o interior continua a afundar-se. É assim o triste fado de dois terços do território

nacional!

Mais, Sr.ª Ministra: sobre as residências de estudantes para filhos de funcionários públicos ninguém se

insurge, nem os Srs. Deputados do Partido Socialista. Residências de estudantes? Sim, para os filhos de

funcionários públicos de Lisboa. Não de outro lado, de Lisboa! Os filhos daqueles que trabalham no privado,

esses, que se amanhem! Os filhos dos que vivem fora de Lisboa, esses, que se amanhem! O resto não interessa!

E os Srs. Deputados nada dizem contra isto!

Protestos do PS.

Sr.ª Ministra, o PRR tem menos dinheiro para todos os recursos hídricos do País do que tem para uma linha

de metro do Porto ou de Lisboa. É bom que todos os Srs. Deputados saibam de uma coisa, aliás, ainda há

pouco, uma Sr.ª Deputada estava a dizê-lo — em surdina, mas é verdade. Srs. Deputados, sabem porque é que

se bebe água a sério em Lisboa? Porque a barragem de Castelo do Bode abastece Lisboa! Abrimos a torneira

e a água sai em Lisboa, porque vem da barragem de Castelo do Bode, que, por sua vez, é abastecida pelo rio

Zêzere, que nasce na serra da Estrela. Imaginem: se não fizessem uma boa gestão de recursos hídricos, o que

é que aconteceria a Lisboa e às pessoas que cá vivem?

Estratégia para o mundo rural, Sr.ª Ministra, desculpará, não se vê! E os benefícios fiscais para o interior são

pouco mais que uma brincadeira, não dão sequer para um papo-seco por dia a quem vai para lá.

Reparem: digam lá o que disserem, mas os números nisto são cruéis. Sabe quantas empresas, Sr.ª Ministra,

aproveitaram os benefícios contratuais para se localizarem no interior? Sabe? Zero! Zero!