I SÉRIE — NÚMERO 65
32
perspetiva de subsidiariedade territorial e de rentabilização eficaz dos espaços, permitindo que as decisões
políticas sejam potencializadas pela produção de informação apropriada e mais vantajosa para as populações?
Sabendo que este instrumento já é aplicado por alguns municípios, alguns dos quais com experiências setoriais
interessantes, urge generalizá-lo no País, numa perspetiva abrangente do território e inclusiva de meios de
intervenção.
O conceito de coesão territorial tem tido interpretações evolutivas e hoje é, cada vez mais, visto como
promotor de inclusão social e de equidade, através de uma maior igualdade de competências territoriais. É um
conceito multidimensional assente na qualidade, na eficiência e na identidade territorial que pode ser aferido por
indicadores que se conjugam num índice de coesão territorial obtido, por exemplo, a partir do índice sintético de
desenvolvimento regional.
Voltando ao conceito de interseção de competências deste Ministério, como aglutinador, em largo espectro,
de competências, admitindo que esse trabalho tem de ser conjugado com outros ministérios e que tem de estar
definido como objetivo do Governo, que é um só, creio eu, faço outras perguntas à Sr.ª Ministra. Pergunto se
considera, ou não, prioritário atender às seguintes questões: definir o papel das cidades médias apostando
nestas e nestes espaços urbanos como forma de equilíbrio entre os grandes aglomerados e os territórios de
baixa densidade, como polarizadores de dinâmicas de proximidade, enquanto espaços intermédios e
intermediários, na relação territorial rural/urbano; cobrir rapidamente todo o País de banda larga de internet para
permitir igualdade de oportunidades e potenciar as capacidades de intervenção dos territórios de menor procura,
tão evidentes, hoje, com o teletrabalho e com a escola digital; defender uma maior proporcionalidade na
aplicação do PART ou de outros apoios que permitam uma maior capacidade de resposta à acessibilidade aos
transportes coletivos, particularmente à ferrovia; regionalizar os apoios da PAC (política agrícola comum),
incluindo o emprego como critério de atribuição de apoio, evitando que mais de metade dos subsídios fiquem
alocados somente à área de superfície, com as injustiças que tal acarreta. Para quando o estatuto do trabalhador
transfronteiriço, cuja falta tão evidente tem sido sentida neste tempo? Para quando o documento único de
circulação de menores? Um acesso a serviços comuns transfronteiriços? Pensado que está um programa
cultural em rede, como fazer e executar a dinamização dos espaços culturais e das associações locais?
Sr.ª Ministra, Sr.as e Srs. Deputados, sendo urgente a inversão da tendência assimétrica capaz de fixar
população, que o é, é também urgente implantar medidas capazes de atrair novas populações. O que está em
causa não é a região A, B ou C, a norte, a sul, no interior ou no litoral; o que está em causa é o equilíbrio do
País e, em último caso, a própria democracia como criação de igualdade de direitos e de oportunidades.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — É a vez do Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, Srs. Deputados: A Ministra da Coesão Territorial devia recordar-se da promessa que o seu Primeiro-Ministro fez em matéria de portagens.
Trazer, hoje, aqui, o Partido Socialista para dizer que as portagens não são o assunto central é esquecer o
que o próprio António Costa prometeu sobre as portagens na Via do Infante. É também recordar o que um
primeiro-ministro fez quando este Parlamento reduziu para 50% o custo das portagens — remeteu para os
tribunais para saber se era ou não legal. Mais uma vergonha do Governo socialista!
Como esta, também não esquecemos a vergonha de ter trazido para Portugal um plano de resistência e de
resiliência, esquecendo que uma grande parte do País é do setor privado, que quem mais sofreu é do setor
privado. Este plano parece feito à medida das administrações públicas centrais e regionais, como se houvesse
dois países: o dos que beneficiam e o dos que pagam. Uns cá estão para receber, uns cá estão para pagar! É
isto o que temos do Governo socialista.
Não queríamos deixar de terminar esta intervenção sem falar de regionalização. Meus caros, houve uma
coisa que se chama «referendo» em que o «não» ganhou. Tenham coragem! Se quiserem regionalizar este
País, tenham coragem! Se quiserem mais tachos a distribuir pela administração regional e pela administração
local, tenham coragem de chamar os portugueses às urnas novamente!
Protestos do PS.