I SÉRIE — NÚMERO 72
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E é esta também a posição do Tribunal de Contas, que é claro quando afirma, — e vou citar — que «foi
observado um elevado grau de concretização dos apoios num tempo razoável e que os mesmos tenham sido,
em geral, distribuídos para os fins destinados e na proporção das necessidades».
Foi esta urgência e a necessidade de garantir eficácia, rapidez e justiça na questão dos donativos que
levaram o Governo a criar o Fundo REVITA, um fundo de cariz social que permitiu agilizar o processo e que
beneficiou da proximidade entre as autarquias locais e as famílias e que foi particularmente importante na
reconstrução das habitações atingidas e também nos recursos agrícolas de autossubsistência.
Isto acabou também por ser reconhecido pelo PSD, que descreve o REVITA como — e volto a citar — «uma
solução oportuna de centralização e operacionalização do elevado montante de donativos a gerir, oriundos de
diversas fontes, e com várias formas e aplicabilidade», que «observou vários dos princípios e recomendações
internacionais» e que permitiu «evitar duplicação de apoios».
Mas o trabalho desta Comissão de Inquérito serviu ainda para concluir que a resposta foi eficiente nos apoios
à atividade económica — e cito novamente: «as empresas receberam os apoios necessários para retomar a sua
atividade com alguma celeridade, não tendo sido colocados em causa os postos de trabalho existentes».
Concluiu-se também que a resposta foi plena em relação aos equipamentos e infraestruturas municipais, e
isso foi testemunhado pelos autarcas.
Concluiu-se que os produtores agrícolas, bem como as famílias que produziam para autoconsumo, a tal dita
agricultura de subsistência, puderam dispor de apoios.
Concluiu-se que a resposta dos municípios e das freguesias foi imprescindível, num território particularmente
difícil onde as autarquias locais são quem melhor responde e conhece as necessidades das populações e quem
mais rápida e diretamente estabelece contacto com todos os atores locais.
Concluiu-se que foi crucial a intervenção dos serviços de saúde pública, o apoio prestado pelos fuzileiros e
pelas entidades do setor social da região.
Mas, se nos compete hoje apreciar o relatório, não posso deixar de referir que, relativamente aos apoios
prestados no domínio da floresta, este relatório se limita a apresentar um conjunto de conclusões
manifestamente tendenciosas.
O relatório minimiza o esforço do Governo na resposta e a intervenção permanente e ininterrupta do Estado
no setor florestal, ignorando, nomeadamente, os programas Aldeia Segura Pessoas Seguras e todas as medidas
subsequentes, com enfoque no reforço do nível de proteção de pessoas e bens. Aliás, foram intervenções que
tiveram um grande reforço com decisões tomadas no Conselho de Ministros de 4 de março deste ano, onde
pudemos ouvir o Primeiro-Ministro referir que «este é um percurso que tem de prosseguir para além do mandato
deste Governo», considerando que estamos, claramente, perante uma realidade que não se altera de um dia
para o outro.
É certo que não podemos baixar os braços, não podemos baixar a guarda, mas, de facto, esta matéria da
floresta é uma matéria que nos convoca a todos, mas convoca durante bastante tempo.
Termino, afirmando que o contexto dramático definiu as condições da resposta e que, perante a extrema
dificuldade do contexto, o Governo foi capaz de responder de forma adequada.
Esta é a convicção do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, uma convicção que, de resto, este relatório
não pôde contestar, assim como não pôde acolher a tentação do PSD em lançar suspeições sobre as pessoas
apoiadas, pela voraz vontade de querer atingir o XXI Governo Constitucional. Não conseguiu, é certo, o relatório
é a testemunha disso, mas o PSD não teve comportamento político que se recomende.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Mariana Silva, do PEV.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A opção do PSD na proposta de Comissão de Inquérito, cujo relatório agora debatemos, em vez de ter o foco no apuramento do que se perdeu
e se os apoios chegaram às populações, foi a de tentar fazer das vítimas dos brutais incêndios culpados e
oportunistas da tragédia que se abateu sobre Pedrogão e demais concelhos do Pinhal Interior.