29 DE MAIO DE 2021
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lógica vai ser no sentido de provar, tanto à Sr.ª Deputada do PAN, como a todos os outros grupos parlamentares
com quem fizemos entendimentos, que se justificou um acordo com o Governo, porque queremos renovar os
acordos políticos que fizemos. Podem crer que uma das matérias em que mais me empenho é,
necessariamente, na capacidade de demonstrar que merecemos a confiança dos partidos que connosco
negociaram.
Por um lado, queria dar nota de que o Governo, no que diz respeito ao trabalho parlamentar, procura
responder às questões colocadas. Não podemos ignorar que aumentou o volume das questões colocadas ao
Governo, o que não diminui a nossa responsabilidade, pois cá estamos para responder a todas as questões que
os Srs. Deputados colocam. Por outro lado, queria dar nota de que alguns dos dados que os Srs. Deputados
têm resumem-se à data do relatório, porque, entre o relatório e a data de hoje, o número de respostas aumentou
substancialmente.
Em relação a algumas situações que os Srs. Deputados citaram — não quero, com isso, incentivar-vos —, e
que às vezes criticam publicamente, também resultariam se aumentasse substancialmente as respostas por
parte dos membros do Governo. Um dos casos que foi mais citado teve que ver com o Sr. Ministro do Ambiente,
que, na verdade, à data, é um dos Ministros que tem maior taxa de respostas a perguntas, com cerca de 93%
de respostas dadas — tenho todo o gosto em mostrar —, e a requerimentos, com 97% respondidos.
Outra coisa é a análise que fazemos das respostas, se discordamos ou se têm a qualidade que os Srs.
Deputados desejam.
Sobre as resoluções apresentadas na Assembleia da República, naturalmente, o Governo vai sempre
estando presente e dando respostas, mas pode ou não dar seguimento a elas. E a verdade é que os dados que
tenho referem que 60% das resoluções aprovadas, com recomendação ao Governo, tiveram algum tipo de
sequência até à data. Em relação a muitas delas, a sequência não é dada nos prazos que os Srs. Deputados
desejariam; em relação a outras, simplesmente, não é dada sequência porque a democracia, pura e
simplesmente, permite-nos a discordância. E, quando o Programa do Governo é contrário a uma resolução
aprovada na Assembleia da República, objetivamente, o Governo não seguirá essa recomendação. Srs.
Deputados, não vale a pena termos dúvidas sobre o assunto: a discordância faz parte da democracia e o
Governo assume essas discordâncias como um todo, e assim não pode deixar de ser. E cá estamos nos debates
para prestar contas.
Quanto à questão da presença dos Membros do Governo, objetivamente, o Governo tem estado mais
presente na Assembleia da República; outra coisa, Sr. Deputado Telmo Correia, é se os partidos aproveitam a
presença dos Membros do Governo na Assembleia da República para fazer a sua parte. Repito: os Membros
do Governo têm estado mais presentes.
Sr. Deputado Telmo Correia, relativamente à questão que coloca sobre os debates quinzenais — não fiz
essa estatística, aliás, de tantas que fiz, não fiz essa —, gostaria, realmente, de perceber a diferença de
presenças do Sr. Primeiro-Ministro nesta Sessão Legislativa desde que houve a alteração. É que o Sr. Primeiro-
Ministro esteve, muitas vezes, presente nos debates…
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Quando lhe convém!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: — … e os Srs. Deputados tiveram até mais tempo, em cada um dos debates, para colocar as questões ao Sr. Primeiro-Ministro. Volto a dizer que outra
questão é se aproveitam ou não esses momentos.
Portanto, não venho aqui escamotear as falhas do Governo relativamente às respostas que são dadas fora
de prazo ou às ausências de resposta. Não é esse o meu papel. O meu papel, realmente, é o de destacar o
compromisso que o Governo tem com a Assembleia da República e com os partidos políticos de responder às
questões e aos requerimentos que são colocados. Esse compromisso mantém-se, é firme e o Governo,
obviamente, vai continuar a trabalhar no sentido de melhorar a sua resposta, concordando com muitos Srs.
Deputados quando dizem que a análise quantitativa tem de ser substituída por uma dimensão qualitativa. O que
interessa nestes debates é perceber exatamente as prioridades definidas por cada grupo parlamentar, porque
isso pode melhorar, naturalmente, a nossa resposta.