I SÉRIE — NÚMERO 72
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Mas desmerece!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … diria que este debate e até aquilo que o Sr. Secretário de Estado nos trouxe aqui nos dão uma visão um pouco — e não deixa de ser interessante, nem importante, não é isso que
está em causa — estatística ou contabilística daquilo que são os trabalhos parlamentares, ou daquilo que é a
relevância do Parlamento, ou daquilo que todos nós, enquanto representantes do povo, estamos a fazer. E essa
não é, de facto, a visão mais importante, do ponto de vista político.
Indo aos vários pontos referidos, diria que, de facto, estou de acordo com o Sr. Deputado António Filipe,
quando, há pouco, dizia que, em relação a tempos passados, há uma evolução significativa da capacidade de
fiscalização do Parlamento. Nas respostas regimentais, há ministérios que respondem melhor e outros que
respondem pior; há ministérios com uma taxa de resposta inferior a 50%, como, por exemplo, o da Saúde e o
do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, mas que também serão os mais solicitados e, para mais, numa
situação de crise e de pandemia.
Relativamente ao meu grupo parlamentar, em concreto, devo dizer que, das últimas 426 perguntas que
fizemos nestes últimos meses, 57% delas foram respondias fora de prazo, cerca de 16% foram respondidas
dentro do prazo e 110 perguntas não obtiveram qualquer resposta, sendo que muitas delas foram feitas em
novembro.
Portanto, não digo que seja por aqui que haja um drama, mas quero registar que continuamos a ter, em
particular, alguns ministérios com dificuldades e com uma taxa de resposta claramente insatisfatória.
Mas, repito, na minha opinião, não é aqui que está o ponto. O ponto está na política, no debate político e na
resposta política do Governo. E, desse ponto de vista, o que importa registar, na nossa opinião, é que o
Parlamento não tem sido valorizado, tem, antes, sido desvalorizado. E tem sido desvalorizado por vontade de
quem governa, por vontade do maior partido aqui presente e, dizendo as coisas como elas são, com a
colaboração, por exemplo, do Partido Social Democrata.
O que é que nos interessa que haja mais 100 respostas, dentro ou fora do prazo, quando deixámos de ter,
por exemplo, debates quinzenais,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Com certeza!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … quando deixámos de ter aqui o Primeiro-Ministro, como acontecia, de 15 em 15 dias, para responder aos grupos parlamentares sobre matéria política? É verdade: foi ao centro que
isto se resolveu — e mal!
Aí é que estava a política, aí é que estava a essência do debate político. Os debates temáticos, em que o
Governo escolhe o membro do Governo que vem aqui, às vezes completamente fora daquilo que são as
preocupações do momento e a agenda política do momento, também diminuíram esse escrutínio.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Chamo a sua atenção para o tempo, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Estou mesmo a terminar, Sr. Presidente. É por aí que se afere a qualidade do Parlamento e a qualidade da democracia. Portanto, desse ponto de
vista, na nossa opinião, não estamos melhor.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Não havendo inscrições, vamos passar para a fase de encerramento.
Os Srs. Deputados têm 5 segundos para decidirem se querem usar da palavra.
Pausa.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Até se esquecem de falar!