29 DE MAIO DE 2021
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tiveram. Esta matéria das resoluções daria para uma discussão mais alargada. O Sr. Secretário de Estado
referiu-se a isso e, naturalmente, elas não têm caráter vinculativo. A utilização da forma de resolução para fazer
recomendações ao Governo é relativamente nova e merecia uma reflexão. De facto, ela não tem caráter
vinculativo, tem o sentido de um voto relativamente aditivado, mas valia a pena fazer uma reflexão a sério sobre
a natureza das resoluções e a efetividade que elas devem ou não devem ter. Porém, não temos tempo para nos
alongarmos nesse aspeto, porque há outros que queria referir, designadamente quanto às perguntas ao
Governo.
Tivemos aqui 4358 perguntas ao Governo, o que é muito significativo e tem a ver com a existência de mais
grupos parlamentares e de Deputados únicos representantes de um partido (DURP), enfim, assim, há tendência
para poder haver um número mais alargado de perguntas. Isso não é bom, nem mau, é o que é, e o Governo
tem de responder a isso. Mas não podemos deixar de assinalar que 1063 perguntas não respondidas, passado
o prazo, é um número muito elevado, mesmo tendo em conta as já referidas 4358. E há alguns ministérios que
têm de ser assinalados. Naturalmente, alguns deles são os que têm mais perguntas, mas também são os que
têm um grau de não-resposta que é excessivo. Referimo-nos ao Ministério da Saúde, ao Ministério do Trabalho,
Solidariedade e Segurança Social, ao Ministério das Infraestruturas e da Habitação e ao Ministério do Ambiente
e da Ação Climática. De entre estes, os Ministérios da Saúde, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e
do Ambiente e da Ação Climática têm um número mais expressivo de perguntas, mas também têm um número
excessivo de perguntas não respondidas.
Depois, há um outro aspeto, já aqui assinalado e que é verdade, que é a resposta meramente formal, que
não responde a nada. O Sr. Deputado José Luís Ferreira, há pouco, dava aqui um exemplo, do qual conhecemos
muitos, que é o seguinte: faz-se uma pergunta sobre o que fez a ACT face a um despedimento coletivo ocorrido
numa empresa e o Governo responde «comunicámos à ACT». Era o que faltava que não fosse comunicado à
ACT! O que queríamos saber era o que a ACT fez. E, quando aparece uma resposta como esta, o que ficamos
a saber? Nada!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — São centenas!
O Sr. António Filipe (PCP): — São centenas, como diz o Sr. Deputado Bruno Dias. Portanto, também esse aspeto deveria ser aperfeiçoado, para que a resposta não fosse uma não-resposta,
que conta como resposta para a estatística.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Chamo a sua atenção para o tempo, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente, com uma última referência à questão dos relatórios e informações que a Assembleia recebe — e aqui não é só o Governo que está em falta. Mais, nós
fomos aprovando legislação onde dizemos que tem de se apresentar um relatório e, neste momento, já temos
177 relatórios que são devidos à Assembleia da República, dos quais 63 não foram enviados. E, aqui, salientava
as entidades reguladoras. De facto, se verificarmos ao pormenor — e com isto termino, Sr. Presidente — quais
são as entidades em falta, constatamos que muitos dos relatórios em falta são de entidades reguladoras. Ora,
isso deveria ser visto, porque a fiscalização da Assembleia faz-se sobre os atos do Governo, mas há outras
entidades que também têm de prestar contas à Assembleia da República e muitas delas não o fazem,
designadamente as entidades reguladoras, que são incumbidas de responsabilidades muito grandes
relativamente ao bom funcionamento do Estado.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia, do CDS-PP.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados: Sem querer desmerecer deste debate e da sua eventual relevância,…