I SÉRIE — NÚMERO 78
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20 anos —, viesse, pelo menos, pedir desculpa aos portugueses pelo modelo que implementaram de estratégia
da economia portuguesa, um modelo baseado no empobrecimento, um modelo em que o principal fator de
competitividade do PSD eram salários baixos, eram custos baixos.
Aliás, Sr. Deputado, nós já temos custos muito baixos. O Sr. Deputado sabe qual é o custo/hora do trabalho
português em comparação com a média da União Europeia? É quase metade! Portanto, exigir e fazer com que
a nossa estratégia fossem custos ainda mais baixo…
Ainda por cima, e o Sr. Deputado sabe isso, mesmo com o aumento dos salários — e foram quase 30%
nestes últimos tempos —, repito, mesmo com o aumento do salário mínimo, que os senhores diziam que ia
provocar o aumento do desemprego, o resultado não foi esse: aumentámos os salários, o desemprego caiu
como nunca tinha caído e isso demonstra que a vossa tese, a tese de uma estratégia de puro empobrecimento,
é uma estratégia errada e, por isso, o Sr. Deputado deveria ter pedido desculpa aqui, neste Plenário.
Tenho de terminar, mas antes de lhe fazer uma pergunta queria dizer que o Sr. Deputado trouxe aqui um
conjunto de afirmações que não fazem nenhum sentido.
A primeira foi dizer que nunca como agora a economia portuguesa esteve tão mal do ponto de vista da
competitividade. O Sr. Deputado teve azar porque ainda hoje saiu o ranking de competitividade global em que
Portugal subiu um lugar na sua competitividade e ano passado tinha subido dois.
Protestos do Deputado do PSD Cristóvão Norte.
Portanto, Sr. Deputado, isto não caiu bem, até porque o Sr. Deputado tinha de o explicar.
Agora, quero lembrar o seguinte, Sr. Deputado: o País, na anterior legislatura, a partir de 2015, cresceu mais
do que nunca, cresceu acima da média da União Europeia, convergiu com a União Europeia, cresceu 9.3%, e,
mais do que isso, o Sr. Deputado sabe que um dos fatores principais para analisar a competitividade são as
exportações e elas cresceram como nunca, cresceram quase 20%. Hoje, representam, de facto, um papel
significativo na economia portuguesa e já contam com 43%.
Aplausos do PS.
Portanto, Sr. Deputado, as suas proclamações são muito interessantes do ponto de vista da propaganda do
PSD, mas, na prática, elas não têm nenhuma colagem com a realidade.
É preciso, de facto, acautelar as questões da competitividade portuguesa, mas, Sr. Deputado, eu achei piada
que ainda trouxesse à discussão a ideia da direita do choque fiscal e da redução dos impostos. O Sr. Deputado
não acha que aquela decisão do G7 de impor um IRC mínimo deveria pôr o PSD a refletir e pensar se essa
lógica de impostos cada vez mais baixos para atrair investimento e promover a competitividade do País é, de
facto, uma solução?
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Afonso Oliveira, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, agradeço as questões que colocou, mas, realmente, a forma como falou da competitividade coloca o PEV no lugar onde deve estar: não
valoriza minimamente a importância da competitividade e da produtividade.
Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Vem com os argumentos do costume. Nós também entendemos, e estamos de acordo, que os salários devem ser o mais altos possível — nós defendemos salários mais altos, não tenha
nenhuma dúvida em relação a isso, nenhuma dúvida! Agora, evidentemente, não é possível impor salários às
empresas.
A ideia de discutir, hoje, a competitividade era precisamente a de fazer-se um debate sério — o mais possível,
claro, pois, evidentemente, cada Deputado e cada partido fará o debate que quiser —, mas um debate que
intensifica a importância que tem a competitividade da economia portuguesa para poder exportar, para poder