18 DE JUNHO DE 2021
11
completamente diferente, sobre os salários, como se alguma empresa que não seja competitiva possa pagar
algum salário que seja minimamente competitivo para as famílias e que as remunere de forma conveniente.
Mas eu queria colocar-lhe uma questão sobre um dos pontos essenciais da competitividade, que é a
competitividade fiscal, e vou ler uma frase sobre isso: «A redução do IRC é uma boa notícia e uma prenda de
Natal para as PME, que representam 75% do emprego e 90% do tecido empresarial em Portugal». Esta
declaração foi feita a propósito de uma proposta de redução do IRC até 17%. Dirá o Sr. Deputado Carlos Silva
que há de ter sido feita por um perigoso liberal, mas não, foi feita pelo Secretário-Geral do Partido Socialista à
época, Partido Socialista esse que considerava que reduzir o IRC até 17% era, efetivamente, um presente para
as PME, que representam, como foi dito e é verdade, 75% do emprego e 90% do tecido empresarial.
Portanto, se alguma coisa mudou não foi a necessidade de Portugal reduzir a carga fiscal sobre as empresas;
se alguma coisa mudou foi a opinião do Partido Socialista sobre isso, mas se há uma coisa que não mudou em
função das políticas socialistas foi que nós não conseguimos atrair mais investimento, pelo contrário.
O acordo foi feito em 2013 e, no ano seguinte, quando este vigorava e ainda não tinha chegado o atual
Primeiro-Ministro para o romper, a receita fiscal de IRC aumentou. Ou seja, temos a prova de que reduzir a taxa
não reduz, sequer, a receita fiscal e, obviamente, aumenta a disponibilidade para que as empresas reinvistam
os seus lucros.
Nesse sentido, Sr. Deputado, queria questioná-lo sobre um debate que existe neste momento e sobre a
preocupação que temos quanto à posição que Portugal assumirá nele.
Recentemente, no G7 (Grupo dos Sete), foi feito um princípio de acordo sobre uma tributação mínima das
empresas e o que lhe pergunto é se entende que Portugal deve, como parece ser vontade do Governo, aderir a
este movimento. Estamos a falar de uma taxa mínima parecida com a que aquele Secretário-Geral do Partido
Socialista considerava essencial e, portanto, sabendo-se já que vários países da União Europeia não estão
disponíveis para subscrever este acordo, pergunto-lhe se Portugal tem alguma coisa a ganhar em entrar em
mais um lirismo de uma proposta internacional, em não fazer o seu trabalho relativamente ao desagravamento
fiscal para ter uma competitividade que, neste momento, a nossa economia não tem, para conseguir atrair um
investimento que, neste momento, a nossa economia não atrai e para, com isso, conseguir melhorar o salário
médio, isso, sim, um grande objetivo que devemos ter de qualidade de vida na sociedade portuguesa, coisa que
será impossível sem as duas premissas anteriores.
Pergunto-lhe se, tal como as transações financeiras, o digital e todos esses projetos que não deram
absolutamente nada, do ponto de vista concreto, acha que Portugal tem alguma coisa a ganhar em ter o seu
Governo a entrar nesse lirismo e a abandonar aquilo que deveria ter como prioridade, que é a competitividade
fiscal da nossa economia, a capacidade de atrairmos investimento e, só com isso, a capacidade de aumentarmos
o salário médio e de melhorarmos a qualidade de vida dos portugueses.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Ainda para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Afonso Oliveira, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira, do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Afonso Oliveira, queria saudá-lo pelo tema que o PSD trouxe à discussão, independentemente das divergências que ficarão claras na abordagem do mesmo,…
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Ainda bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — … se é que alguém ainda duvida delas. Queria começar por dizer que quero colocar-lhe algumas questões sobre a competitividade, mas não vou
fazer disto o arraial irresponsável que fez o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, do Iniciativa Liberal,
clamando aqui por um regime fiscal do tempo das Cortes de Tomar, quando foi coroado Filipe I.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Antes! Antes!