18 DE JUNHO DE 2021
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Portugal) foi, em média, mais do dobro do que a dos cinco anos anteriores, batendo sucessivamente recordes
anuais, passando a ser sempre superior em referência ao PIB à média da União Europeia.
O relatório do IMD (Institute of Management Development) hoje publicado destaca esta trajetória positiva
com melhorias significativas na eficiência empresarial e no enquadramento legislativo. Comparamos bem, neste
relatório, tanto com países do sul, como a Espanha ou a Itália, como com países do leste, muito integrados na
economia alemã, como a Eslováquia ou a Polónia.
A estratégia seguida pelo Governo tem combinado o papel dos empresários e dos trabalhadores para a
valorização da nossa mão de obra, com a criação de mais e melhor emprego, mais distribuição e com o aumento
do salário mínimo.
Ao contrário daqueles que sempre viram o custo do trabalho como um problema, acreditamos que a resposta
está na criação de valor através de mais investigação e desenvolvimento, mais investimento dos meios de
produção, mais organização industrial e mais competências, que são os fatores determinantes da produtividade.
O caminho para uma competitividade assente em fatores distintivos, para mais e melhor desenvolvimento
económico, não se faz olhando apenas para o lado dos custos, mas, sobretudo, para as capacidades de gerar
valor económico.
Valorizar o emprego mais bem remunerado e com mais competências pode não ser o caminho mais fácil,
mas é, sem dúvida, aquele que mais resultados pode trazer para o nosso futuro. As remunerações médias
aumentaram, assim como o salário mínimo, mas queremos um modelo económico assente em melhores
condições de trabalho e não apenas em remunerações.
No trabalho criado entre 2015 e 2019, 91% correspondeu a vínculos efetivos. Evidentemente que 2020 foi
um ano duro e difícil, em que, devido às limitações à mobilidade e ao necessário distanciamento social, ao fecho
inicial dos mercados das nossas exportações e à persistência de um clima de incerteza resultante da crise
sanitária, tivemos fortes impactos económicos, os quais têm particular incidência sobre as atividades
económicas mais limitadas pelas restrições à proximidade social e à mobilidade.
As medidas tomadas tiveram como orientação preservar empresas e o emprego, minimizar os impactos,
manter o mais possível as capacidades que num quadro de retoma da procura pudessem sustentar o
crescimento da atividade das nossas empresas.
Temos total consciência das dificuldades. Reconhecemos a enorme capacidade de resistência dos
empresários e lamentamos os empregos que não foi possível preservar, mas podemos constatar que as
previsões mais pessimistas, de queda do PIB a dois dígitos e aumentos abruptos na taxa de desemprego, não
se confirmaram.
A média da taxa de desemprego na União Europeia no final de 2020 era de 7,3%, na zona euro era de 8% e
em Portugal era de 6,9%.
Os dados mais recentes, relativos a abril deste ano, são esperançosos. As exportações de bens apresentam
um crescimento de 83%, superando, inclusivamente, as exportações de abril de 2019 em cerca de 7%.
Os índices de volume de negócio na indústria e serviços, disponibilizados pelo INE (Instituto Nacional de
Estatística), cresceram em torno de 50%. Os dados do IEFP indicam que o desemprego recuou em abril e o
indicador diário da atividade económica, do Banco de Portugal, está agora acima do período homólogo de 2019.
Estes sinais são espelhados pelo Boletim Económico publicado ontem pelo Banco de Portugal, que reviu em
alta as projeções de crescimento para a economia portuguesa e reviu em baixa o desemprego, superando,
inclusivamente, as previsões apresentadas pelo Governo no recente Programa de Estabilidade.
Segundo o Banco Central, é esperado que o PIB cresça 4,8% em 2021 e que a economia regresse aos níveis
de pré-crise já no início de 2022. No entanto, temos claro que o comportamento da indústria e dos serviços
especializados intensivos em tecnologia será melhor do que nas atividades limitadas pela mobilidade, como o
turismo, algum comércio e certos serviços pessoais.
O Plano de Recuperação e Resiliência, aprovado ontem pela Comissão Europeia, dará um novo impulso a
esta recuperação, reforçando a capacidade para investir, reformar e transformar estruturalmente a economia
portuguesa, através de investimentos disruptivos, da progressão nas cadeias de valor e de maior incorporação
tecnológica nos nossos produtos e serviços. Esse plano permitirá aumentar o perfil de especialização das nossas
empresas, mas o Governo irá articular a execução do PRR com o próximo Quadro Financeiro Plurianual,
concentrando neste os investimentos de apoio à modernização empresarial.