18 DE JUNHO DE 2021
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Em quarto lugar, queremos ou não que a nossa competitividade empresarial assente em pilares que
respeitem os direitos laborais, os ecossistemas e os seus recursos naturais? Se assim é também temos de fazer
opções claras sobre que tipo de competitividade queremos.
Caras e caros Deputados, a discussão que estamos hoje a fazer não se prende apenas com questões de
atratividade fiscal. A nossa competitividade empresarial não pode ser alcançada numa base única de competição
fiscal entre países. Temos de criar condições equitativas de concorrência entre mercados internos. E esta
questão não é apenas fiscal, é também social e ambiental e temos de garantir que não há competitividade com
base numa sociedade em que nem todos possam ter o mesmo grau de desenvolvimento.
É por isso que rejeitamos ser competitivos por baixos salários, é por isso que rejeitamos ser competitivos se
não respeitarmos os direitos laborais, é por isso que rejeitamos ser competitivos se não for a respeitar o
desenvolvimento sustentável e o meio ambiente.
Sr. Secretário de Estado, os desígnios que aqui enunciei são para nós, Grupo Parlamentar do Partido
Socialista, pontos de honra para o desenvolvimento de uma estratégia de competitividade empresarial do nosso
País. Vemos, por isso, com agrado a forma como o Plano de Recuperação e Resiliência foi construído e foi
aprovado, ainda no dia de ontem.
Sr. Secretário de Estado, a pergunta que lhe quero deixar é se vê nesse documento, na estratégia que tem
sido seguida, os pilares certos para continuarmos a construir a competitividade empresarial e a recuperar dos
atrasos de que o País ainda precisa de recuperar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para formular um pedido de esclarecimentos, tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do PSD, o Sr. Deputado Cristóvão Norte.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado, é extraordinário que o discurso oficial opte por ignorar deliberadamente o falhanço trágico que tem sido o desenvolvimento da economia
portuguesa nas últimas duas décadas.
Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — A única razão para esse facto é que o PS, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português querem escamotear essa circunstância porque receiam que os portugueses acordem e
olhem para este imobilismo político, uma solução que não serve os interesses do País. E o mais extraordinário
é que não haja, sequer, da parte de VV. Ex.as, um mero sobressalto cívico. Não há, há conformismo e há uma
mera gestão de declínio de um País que precisa de libertar as suas melhores energias para conseguir abraçar
uma nova ordem de crescimento e de bem-estar para as famílias e as empresas.
Mas o Governo diz que está tudo bem. Diz que está tudo bem no investimento privado e tem-nos dito, muitas
vezes, que estava tudo em vias de estar bem no investimento público. Dizia-se, em 2015, 2016, 2017 e por aí
fora, que o investimento público não avançava porque não havia projetos, mas chegámos a 2020 e deu-se este
extraordinário feito de em todos os seis exercícios orçamentais desde 2015 Portugal estar na cauda da Europa
no que diz respeito a investimento público. Somos o último país, não há nenhum atrás de nós e este é o sinistro
retrato de 2020, em que Portugal, mais uma vez, tem menos um terço de investimento público daqueles países,
que são países da coesão aos quais nós nos deveríamos comparar.
A pergunta que levanto é simples e creio que os portugueses têm direito a saber a resposta. A primeira coisa
que vimos foi um primeiro-ministro que chegou ao pé da Sr.ª Presidente da Comissão e quando lhe acenaram
com o dinheiro disse: «Quando é que eu posso ir ao banco?» Isto é um retrato do nosso declínio, da nossa falta
de ambição e da incapacidade de o Governo oferecer uma alternativa ao País.
Sr. Secretário de Estado, faço-lhe a seguinte pergunta: o que é que o Governo vai fazer para que o futuro
não seja igual ao passado?
Aplausos do PSD.