I SÉRIE — NÚMERO 83
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para articular a vida profissional com a vida pessoal e familiar, a resposta que se impõe é a redução do tempo
de trabalho para as 35 horas para todos os trabalhadores e o direito a 25 dias como tempo mínimo de férias.
É também isso que aqui propomos, já que a importância do princípio da dignidade na relação do trabalho
depende em grande medida da valorização social e económica do trabalho, assegurando condições de vida
dignas aos trabalhadores.
Isto porque direito a férias e a férias pagas — conquista de Abril — é um direito constitucional. Porque é
urgente assegurar horários dignos para os trabalhadores, horários dignos e tempo para viver, tempo para viver
além do trabalho, tempo para estar em família, tempo para a cultura, tempo para o desporto, tempo para o
lazer. Porque os avanços civilizacionais nos domínios técnico e científico permitem que, hoje, se possa
produzir mais, com melhor qualidade, maior eficácia e menos tempo, e esses avanços têm de estar ao serviço
das melhores condições de trabalho e de vida para os trabalhadores que são quem produz a riqueza do nosso
País.
A redução do horário de trabalho para as 35 horas é da mais inteira justiça, mais de 100 anos depois da
luta que deu origem e que está profundamente ligada ao 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, das
«oito horas de trabalho, oito horas de descanso, oito horas para a família e para o lazer».
Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, de nada servem preocupações com o tempo que as crianças
passam na creche ou na escola, se, a seguir, não se quer mexer no horário de trabalho dos pais e das mães
trabalhadoras.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, os trabalhadores do nosso País não estão condenados a viver com baixos salários, com vínculos precários, nem
têm de estar sujeitos a horários desregulados, a longas jornadas de trabalho, a bancos de horas ou a intensos
ritmos de trabalho.
As propostas que o PCP apresenta respondem a problemas concretos sentidos pelos trabalhadores. As
propostas que aqui trazemos melhoram as condições de trabalho e de vida, porque o reconhecimento e a
valorização dos direitos dos trabalhadores são absolutamente centrais para que se faça um caminho de
progresso e de justiça social.
Aplausos do PCP e do PEV.
O Sr. Presidente: — A Mesa regista duas inscrições para pedir esclarecimentos, designadamente do Sr. Deputado João Paulo Pedrosa, do Grupo Parlamentar do PS, e da Sr.ª Deputada Helga Correia, do PSD.
Como pretende responder, Sr.ª Deputada?
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Em conjunto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Muito bem. Sr. Deputado João Paulo Pedrosa, tem a palavra para pedir esclarecimentos.
O Sr. João Paulo Pedrosa (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Diana Ferreira, o Partido Socialista saúda vivamente o conjunto de iniciativas que o PCP apresenta e não é difícil reconhecer
que o PCP está sempre mais à frente na reflexão sobre o futuro do trabalho e sobre os direitos dos
trabalhadores, pelo que é importante sinalizar isso.
O Partido Socialista também reflete sobre estas matérias, mas tem um histórico de ação para melhorar a
vida e as condições dos trabalhadores. É um histórico bastante significativo na conciliação, no aumento das
licenças, na partilha, no combate à precariedade, no aumento significativo do salário mínimo nacional.
Portanto, acompanhamos a reflexão e temos também uma prática, muita dela, acompanhada pelo Partido
Comunista Português.
O Sr. Deputado Jerónimo de Sousa disse-me, há uns dias, com a sua gentileza e também pedagogia, que
o Partido Socialista até tinha mudado desde o 25 de Abril. Mudou o Partido Socialista e mudou também o