1 DE OUTUBRO DE 2021
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socialista de que o PCP insiste em demarcar-se perante os seus eleitores, eximindo-se de qualquer
responsabilidade.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Se é na concertação social que se promove o diálogo entre sindicatos e
confederações patronais, pergunto-lhe, Sr.ª Deputada, por que razão é que o Partido Comunista…
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não é Partido Comunista, é Partido Comunista Português, minha
senhora!
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — … não respeita a concertação social. Quem não respeita a concertação
social, não respeita os trabalhadores e não respeita as entidades que os representam, os sindicatos!
Aplausos do PSD.
Sim, o Partido Comunista diz estar ao lado dos trabalhadores, mas, na verdade, sempre esteve contra a
concertação social, sabendo nós que esta permitiu o aumento do salário mínimo nacional ao longo dos anos.
Sendo assim, podemos até dizer que o PCP esteve contra todas as negociações de aumento do salário mínimo
nacional. E, se o salário mínimo nacional aumentou, não foi por vontade do PCP, foi contra a sua vontade.
Protestos do PCP.
E isto, Srs. Deputados, leva-me a duvidar das verdadeiras intenções do Partido Comunista e a pensar que
esta iniciativa não passa de uma encenação política para enganar os trabalhadores e para trazer a debate o
aumento do salário mínimo, de modo a criar a ilusão aos portugueses de que é ao Partido Comunista que se
devem os aumentos do salário mínimo, quando todos nós sabemos que não contribuíram para isso.
Protestos do PCP.
Dito isto, reitero o que disse no ano passado: a proposta do PCP não é para ser levada a sério, porque o
PCP não leva a sério os portugueses; não leva a sério os trabalhadores, que, muitas vezes, lado a lado com as
entidades empregadoras, querem, acima de tudo, preservar o seu emprego e salvaguardar o seu salário ao fim
do mês; não leva a sério aqueles que temem perder os seus empregos e estão na iminência de despedimentos,
tal como sucedeu a milhares de portugueses nos últimos meses; não leva a sério as empresas, que estão
desesperadas para pagar as suas obrigações porque estão a ser engolidas por uma crise económica sem
precedentes, para a qual não contribuíram.
O aumento de 28% do salário mínimo nacional, conforme propõe o PCP, jamais se registou na história da
democracia portuguesa, nem mesmo nos nossos melhores tempos de economia.
Propor um aumento desta ordem de grandeza num dos momentos mais difíceis, senão o mais exigente,
desde há 47 anos, é um ato irresponsável e até desfasado da realidade que o País enfrenta.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Para concluir, Sr. Presidente, quero dizer que hoje, mais do que nunca, na
atual conjuntura de crise económica e social, o aumento do salário mínimo nacional deve ser discutido em
concertação social, com trabalhadores e entidades empregadoras.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando José, do Grupo
Parlamentar do Partido Socialista.