2 DE OUTUBRO DE 2021
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O Professor Manuel Ferreira Patrício, ao longo de uma vida de reflexão, de estudo e de intensa ação
cultural e educativa, afirmou-se como uma figura de invulgar relevo no panorama da meditação sobre a
formação do homem, que denominou antropagogia, bem como da hermenêutica do pensamento português
contemporâneo, como exemplarmente o documentam os seus estudos de referência sobre Leonardo Coimbra,
Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa e António Sérgio, entre muitos outros.
Reunidos em sessão plenária, os Deputados à Assembleia da República manifestam à família e amigos do
Professor Manuel Ferreira Patrício, assim como à Universidade de Évora, o mais sentido pesar pelo seu
desaparecimento.»
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que acaba de ser lido.
Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.
Segue-se o Projeto de Voto n.º 675/XIV/3.ª (apresentado pelo PAR e subscrito pelo PS, pelo PSD, pelo BE,
pelo PCP, pelo PAN, pelo PEV, pelo CH, pelo IL e pelas Deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine
Katar Moreira) — De pesar pelo falecimento de José-Augusto França.
Peço à Sr.ª Secretária Maria da Luz Rosinha o favor de proceder à leitura do projeto de voto.
A Sr.ª Secretária (Maria da Luz Rosinha): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:
«Faleceu no passado dia 16 de novembro, aos 98 anos, José-Augusto França, nome incontornável da
cultura e da história da arte portuguesa dos séculos XIX e XX.
Era historiador e crítico de arte, sociólogo e pedagogo, com vasta e pioneira obra publicada,
nomeadamente sobre a reconstrução da Baixa Pombalina e sobre os maiores artistas portugueses do século
XX.
AArte em Portugal no Século XIX, A Arte em Portugal no Século XX e Lisboa: Urbanismo e Arquitetura ou,
ainda, Lisboa: História Física e Moral estão entre as suas obras mais influentes.
Também o Palácio de São Bento, sede da Assembleia da República, foi objeto de um magnífico estudo por
parte de José-Augusto França.
O seu interesse pela pintura revela-se em 1946, começando então a publicar os seus primeiros artigos de
crítica de arte no Horizonte, Jornal das Artes, ao mesmo tempo que escreve monografias sobre artistas como
Amadeo de Souza-Cardoso e Almada Negreiros.
Em 1959, a convite de Pierre Francastel, sociólogo e historiador, José-Augusto França partiu para França
como bolseiro do Governo francês, vindo a obter na Sorbonne os graus de Doutor em História, em 1962, e
Doutor em Letras, em 1969.
Regressado a Portugal, logo após o 25 de Abril, José-Augusto França integrou o corpo docente da
Universidade Nova de Lisboa, tendo aí criado o primeiro curso de História de Arte do País, com mestrado e
doutoramento, alterando profundamente o panorama da historiografia da arte em Portugal.
As suas convicções socialistas levaram-no também a envolver-se na luta política, tendo subscrito, logo em
1946, as listas do Movimento de Unidade Democrática (MUD), e, já depois do 25 de Abril, integrado a lista
para a Assembleia Municipal de Lisboa da candidatura ‘Por Lisboa’, encabeçada por Jorge Sampaio.
José-Augusto França foi, ao longo da sua vida, objeto de múltiplas distinções, tendo sido agraciado como
Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1991), com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública
(1992), a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2006) e a Medalha de Mérito Cultural (2012).
A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu profundo pesar pelo falecimento
de José-Augusto França, transmitindo à sua família e amigos as mais sentidas condolências.»
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Muito obrigado, Sr.ª Secretária. Informo que se encontram nas galerias a sobrinha de José-Augusto França e também uma representação
de antigos alunos e alunas.