I SÉRIE — NÚMERO 9
36
Sr.as e Srs. Deputados do PS e da extrema-esquerda, deixem de culpar o Governo do PSD/CDS por aquilo
que os senhores podiam e já deviam ter feito, assumam as vossas responsabilidades!
Está na altura de este Governo passar à ação, delineando as políticas de saúde adequadas às
necessidades de todos os utentes.
Aplausos do PSD.
Protestos dos Deputados do PCP Paula Santos e do PEV José Luís Ferreira.
Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Arrobas, do CDS-PP.
O Sr. Miguel Arrobas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quero apenas dirigir uma palavra ao Sr. Deputado Ivan Gonçalves, que, ao intervir, acusou de se fazer aproveitamento político do tema
em debate.
Ora, quero dizer-lhe que, mais do que citar números ou andar constantemente a olhar para o passado,
falando do que se fez ou deixou de se fazer, como o PS tanto gosta, cumpre garantir hoje que os subscritores
desta petição, aqui presentes, saiam daqui com a certeza de que este centro de saúde será uma realidade.
Pelo que referiu, Sr. Deputado, haverá condições para que isso aconteça.
O Sr. Presidente: — Não havendo mais inscrições, vamos passar às votações regimentais. Uma vez que todas as bancadas já se encontram preparadas para as votações, vamos começar por votar o
Projeto de Voto n.º 681/XIV/3.ª (apresentado pelo PAR e subscrito pelo PS, pelo PSD, pelo CDS-PP, pelo
PAN, pelo CH e pelo IL) — De pesar pelo falecimento de Vítor Feytor Pinto.
Peço à Sr.ª Secretária Maria da Luz Rosinha que proceda à respetiva leitura.
A Sr.ª Secretária (Maria da Luz Rosinha): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:
«Faleceu no passado dia 6 de outubro, aos 89 anos, o Padre Vítor Feytor Pinto, figura de proa da Igreja
Católica em Portugal, que deixa um importante legado pelo seu envolvimento em questões relacionadas com a
saúde e a sociedade civil.
Nascido em Coimbra, em 1932, o Padre Vítor Feytor Pinto integrou o Seminário do Fundão e foi ordenado
sacerdote na Diocese da Guarda em 1955. A sua vida e o seu trabalho foram muito influenciados pelo Concílio
Vaticano II, do qual foi um fervoroso divulgador.
O Padre Feytor Pinto ficou também ligado à reflexão sobre a Pastoral da Saúde e a defesa dos direitos
fundamentais, destacando-se igualmente o seu trabalho, ao longo de vários anos, como responsável da
Paróquia do Campo Grande.
Em 1982, foi o responsável pela organização da visita a Portugal do Papa João Paulo II, momento que
lembrava como de grande felicidade. Em 2005, foi nomeado Monsenhor pelo Papa Bento XVI.
Além da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde em Portugal, de que foi coordenador, assumiu, ao longo
de décadas, diversas responsabilidades, dentro e fora da Igreja, designadamente como membro do Conselho
Pontifício para os Profissionais da Saúde ou do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.
Na memória de todos nós ficará a sua estatura intelectual e dimensão humanista e solidária, independente
de inclinações ideológicas, que se evidenciaram, por exemplo, no seu forte envolvimento em questões da
saúde e da sociedade civil, nomeadamente na defesa do Serviço Nacional de Saúde e do seu valor
fundamental e universal, assim como no âmbito do combate ao drama da toxicodependência.
Mas é sobretudo a dimensão humana do Padre Feytor Pinto que perdurará na memória de todos os que
com ele puderam privar. O modo como nunca permitiu que a sua erudição o impedisse de ser humilde, que as
suas responsabilidades o impedissem de ter tempo para os que mais precisavam da sua palavra amiga, são
testemunhos da grandeza do seu espírito.