22 DE OUTUBRO DE 2021
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eu responderia agora ao Sr. Deputado José Manuel Pureza, o seguinte: «Calma! É só fumaça! O povo é
sereno!»
O Sr. André Ventura (CH): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Foi assim que se respondeu, na altura — e é assim que vale a pena responder —, ao radicalismo daqueles que queriam execuções, dos que queriam a violência.
E vale a pena, no final deste debate, dizer ao Sr. Deputado João Oliveira que é verdade que o regime que
tivemos, em Portugal, até ao 25 de Abril, tinha componentes de ódio, com certeza, de perseguição política de
camaradas seus daquele tempo que foram presos, torturados, tudo coisas inaceitáveis. Mas o que é que
acontecia na União Soviética? O que é que acontecia nas ditaduras comunistas? Não era exatamente o
mesmo? As ditaduras são iguais, são irmãs desse ponto de vista. E aquilo que muitos queriam era que, em
Portugal, caísse um regime autoritário e uma ditadura para instituir uma outra ditadura.
O Sr. Miguel Arrobas (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — E foi isso que foi derrotado no 25 de Novembro. Foi isso que abriu o caminho à Constituição, à Constituição democrática que os partidos aqui votaram democraticamente. E é por
isso que a data de 25 de Novembro nos une a todos, hoje em dia.
Faço justiça — mais uma vez com moderação e serenidade, porque, a qualquer radicalismo, responde-se
com moderação e serenidade — ao Partido Comunista Português, assim com faço justiça ao Bloco de
Esquerda, da convivência democrática que temos e de serem partidos que respeitam as regras da
democracia. Não tenho dúvidas sobre isso. Mas, se isso é assim, foi porque na altura não triunfou um
radicalismo, não triunfou um tipo de revolução que alguns pretendiam para Portugal.
Quanto ao Partido Socialista — e tantos de nós estivemos na Fonte Luminosa, atrás de Mário Soares,
porque era ele que conduzia antes de outros —, devia ter vergonha do que diz aqui hoje, porque os senhores
ignoram essa história, ignoram aqueles que se atravessaram pelo lado da liberdade.
Protestos do Deputado do PS Bruno Aragão.
Tanto o 25 de Novembro como o 25 de Abril são datas que unem todos os portugueses, que unem a nossa
história, que unem uma democracia e que nos juntam a todos neste Hemiciclo. E tenho gosto em estar aqui.
Tenho gosto em estar aqui a debater com o Sr. Deputado José Manuel Pureza, com o Sr. Deputado João
Oliveira, num confronto democrático, num confronto tolerante. Isso deve-se à data maior que é o 25 de Abril.
Ninguém a quer apagar, façam-nos essa justiça! O 25 de Abril é a data maior de uma Revolução que foi uma
Revolução e não um golpe de Estado, como alguns pretendem. Foi uma Revolução que mudou
profundamente a ordem jurídica e aquilo que é o nosso País.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Foi outro País, e melhor, o que saiu do 25 de Abril. Mas há outras datas que podem ser celebradas e que podem ser evocadas, até para a compreensão de todo o processo em si.
Foi só isso que propusemos e é isso que mantemos: uma data de unidade e não de divisão.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Está, assim, concluído o debate conjunto do Projeto de Deliberação n.º 2/XIV/1.ª (CDS-PP) e dos Projetos de Resolução n.os 70/XIV/1.ª (CDS-PP) e 45/XIV/1.ª (CH).
Prosseguiremos os nossos trabalhos amanhã, às 10 horas, com toda a normalidade democrática e nos
termos da Constituição da República Portuguesa, aprovada em 2 de abril de 1976 e aqui evocada,…
Aplausos do PAN.