3 DE NOVEMBRO DE 2021
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O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, a Mesa registou a inscrição, para formular pedidos de esclarecimento, de cinco Srs. Deputados.
Como pretende responder?
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Sr. Presidente, responderei em dois grupos, um de dois e outro de três.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para formular um pedido de esclarecimentos, o Sr. Deputado Nelson Silva, do PAN.
O Sr. Nelson Silva (PAN): — Sr. Presidente, muito boa tarde a todos e a todas. Saudamos o PSD por ter trazido a Plenário o tema da corrupção — um flagelo! Apesar do que ouvimos
tantas vezes, Portugal não é um oásis de transparência.
No nosso País, a corrupção custa, anualmente, cerca de 34 000 € a cada minuto. No entanto, só no ano
passado, mais de metade dos casos de corrupção acabaram arquivados.
Por causa dos crimes de colarinho branco associados ao BES, o País poderá gastar um total de quase 11
000 milhões de euros. A cada ano, para a evasão fiscal, são cerca de 1000 milhões de euros que se perdem,
ou seja, 101 € por cada português e o equivalente ao salário anual de quase 50 000 enfermeiros.
Estes milhões não são apenas números, são valores que poderiam dar um impulso ao desenvolvimento do
País e à melhoria da vida das pessoas. E o PAN tem estado na linha da frente do combate a este flagelo.
No combate ao conflito de interesses — uma das maiores causas de corrupção em Portugal —, foi o PAN
quem mais fez nesta Legislatura, com a aprovação em breve de uma lei do lobbying que, estranhamente, terá
o voto contra do PSD. Além disso, o PSD também votou contra medidas que travam as portas giratórias entre
a banca comercial e o Banco de Portugal, que trazem maior transparência da parte dos políticos e que limitam
as ligações de Deputados a clubes de futebol.
Foi graças ao PAN que no Orçamento do Estado para 2021 se conseguiram mais meios para o combate à
corrupção e se previu um reforço de meios humanos para este mesmo combate à fraude e à criminalidade
económico-financeira, como também a criação de centros de competência e de redes de conhecimento que
agreguem todas as entidades que atuem no âmbito do combate à corrupção.
Ao nível fiscal, foi o PAN que fez pressão para que o Governo, durante a presidência portuguesa do
Conselho Europeu, conseguisse aprovar a Diretiva CBCR, e tal veio a suceder.
O PAN, com apenas três Deputados, orgulha-se do trabalho que fez. Já do PSD temos muitas palavras e
pouca ação.
No «bar aberto» da contratação pública, a que alguns chamaram de «convite a roubar», vimos o PS propor
uma alteração e o PSD a assinar de cruz. Não se arrependem? Já o regime da zona franca da Madeira tem
servido de lavandaria a entidades tão recomendáveis como os magnatas do futebol, a cleptocracia angolana
ou as empresas-fantasma do BES (Banco Espírito Santo), e o PSD, ao mesmo tempo que votava contra o
estudo de custo-benefício recomendado pelo PAN, propôs ainda durante esta Legislatura que se aceitassem
novas entidades até ao fim deste ano, quando, supostamente, o prazo acabava em 2020. Não se
arrependem? Não acham que o legado do PSD nesta Legislatura não condiz com o discurso feito aqui hoje?
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente: — Também para formular um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Mónica Quintela, queria começar por felicitá-la por trazer este assunto a debate, porque, infelizmente, o combate à corrupção
continua a ser um assunto atual. E é um combate que se impõe até para credibilizar as instituições da nossa
democracia, mas também para a defesa e afirmação de uma cultura de responsabilidade democrática.
Para isso, é necessário não só dar passos no plano legislativo, mas também a nível dos meios técnicos e
humanos dos órgãos de investigação criminal, que, de resto, são decisivos neste combate, como a Sr.ª