I SÉRIE — NÚMERO 18
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O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Mónica Quintela, eu diria que foi preciso passar este tempo todo para que houvesse uma intervenção sua acerca da qual pudéssemos dizer que,
praticamente, concordamos.
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Houve outras!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Podia ter descoberto isso antes do Orçamento!
O Sr. António Filipe (PCP): — Mais vale tarde do que nunca, dirá, mas é um facto que o combate à corrupção e a adoção de políticas e de mecanismos legislativos de combate à corrupção é um propósito que,
naturalmente, compartilhamos não apenas nas palavras mas nos atos.
Foi por proposta do PCP que foi incluída no Orçamento do Estado para 2021 a adoção de um programa
plurianual de investimento na investigação criminal que fizesse o recenseamento rigoroso das necessidades
de investimento, em particular nos setores mais carenciados, designadamente no das perícias, quer da
Procuradoria-Geral da República, nomeadamente no núcleo de assessoria técnica, quer na Polícia Judiciária,
onde a Sr.ª Deputada salientou, e é um facto, que há um atraso enorme nas respostas às perícias que são
necessárias no âmbito da investigação criminal.
Obviamente, segundo o Orçamento do Estado, esse plano já deveria estar elaborado, mas ainda não está
e, em resposta a uma pergunta que nós próprios fizemos ao Governo sobre essa matéria, foi-nos dito que ele
estaria ainda em elaboração. Esperamos que esse plano seja elaborado, porque o Orçamento do Estado para
2021 ainda está em vigor até ao final do ano e isso corresponde, de facto, a uma necessidade.
Mas há uma outra questão que a Sr.ª Deputada abordou e que é muito relevante: o destino das iniciativas
legislativas apresentadas no âmbito do debate do chamado «pacote legislativo contra a corrupção», as quais
baixaram sem votação à Comissão. O nosso propósito, nesta matéria, é que aquilo que seja possível fechar
nesta Legislatura deva ser fechado no pouco tempo que possamos ter.
Evidentemente, não consideramos que se deve legislar a correr e mal, e admitimos que possa haver
processos legislativos que careçam de uma melhor ponderação, mas aquilo que for possível consensualizar e
apurar maiorias de votação nesta Legislatura deve ser feito. O Grupo Parlamentar do PCP, como pedido de
esclarecimento à sua intervenção, manifesta aqui a disponibilidade e o empenho para, no pouco tempo que
possamos ter, trabalhar e fechar processos legislativos que possam contribuir positivamente para o necessário
combate à corrupção no nosso País.
Aplausos do PCP e do PEV.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cláudia Santos, do Grupo Parlamentar do PS.
A Sr.ª Cláudia Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, saudamos a escolha do tema e saúdo também a Sr.ª Deputada Mónica Quintela. Sabemos que o combate à criminalidade económica e
financeira é uma prioridade do nosso Governo, o qual nos apresentou, há meses, uma Estratégia Nacional de
Combate à Corrupção que está já vertida em várias propostas de lei, pendentes para eventual aprovação
neste Parlamento.
Sabemos que essa Estratégia é muito ambiciosa e bastante inovadora e também todos sabemos que, na
quarta-feira passada, os partidos da oposição chumbaram o Orçamento do Estado para 2022, o que,
naturalmente, antecipará o fim desta Legislatura.
Sabemos que o chumbo do Orçamento não era aquilo que queria o Governo, não era, seguramente, aquilo
que queria o Grupo Parlamentar do Partido Socialista e supomos que também não corresponda ao que
desejaria a maioria dos portugueses, mas foi o que aconteceu na quarta-feira passada. Por isso, logo na
quinta-feira, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista fez um requerimento pedindo o agendamento urgente
do debate sobre o pacote anticorrupção. Mais ninguém fez esse pedido, só o Grupo Parlamentar do Partido
Socialista.