I SÉRIE — NÚMERO 18
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Mas a responsabilidade do PS não se fica por aqui. É evidente que, algures neste processo, o PS viu uma
hipótese de aproveitar a situação político-partidária para ir em busca de uma maioria absoluta. É isso que
justifica a narrativa de vitimização e de passa-culpas que, de imediato, a máquina de propaganda pôs em
movimento. A perspetiva de maioria absoluta do PS é tão assustadora que nem o próprio utiliza a expressão,
preferindo o eufemismo da maioria reforçada e estável. Os portugueses viram a voracidade com que o PS em
maioria relativa tomou conta do aparelho de Estado e não correrão o risco de lhe dar uma maioria absoluta —
até a máquina do PS pressente isso.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Portugal não pode continuar dependente de quem teve estas
responsabilidades e de quem mostrou esta irresponsabilidade. Portugal precisa de um novo rumo, de uma
nova energia. O Iniciativa Liberal está disponível para contribuir para esse rumo com as suas ideias, com a
sua exigência e com a sua energia. E, também, com a sua coerência de partido liberal que não vacila na
defesa da liberdade individual, sem a qual, acreditamos, não poderá haver desenvolvimento enquanto país.
Estas eleições serão, para o Iniciativa Liberal, mais uma oportunidade para sublinhar a importância da defesa
da liberdade em todos os domínios da nossa vida política, económica, social e privada.
Na liberdade política, central à saúde do nosso sistema democrático, iremos propor, durante a campanha, a
reintrodução dos debates quinzenais, essa forma básica de escrutínio da atividade de qualquer Governo sobre
a qual o PSD e o PS se entenderam para eliminar. Iremos propor a reforma do sistema eleitoral para, de uma
vez por todas, aproximar eleitores de eleitos e dar representação a centenas de milhares de votos que se
desperdiçam em todas as eleições.
Quanto à liberdade económica, sem a qual não teremos o crescimento que trará oportunidades para todos
e os recursos para enfrentar os demais desafios, iremos propor o reforço sistemático da transparência da
aplicação de dinheiros públicos, não só dos que agora tanto falam do PRR e dos fundos estruturais, mas
também dos processos de decisão que conduzem a decisões como a de enterrar 4000 milhões de euros na
TAP e que, depois, os que vierem a seguir hão de ficar a pagar durante gerações. Iremos falar novamente da
redução e da simplificação fiscal de que o País precisa para voltar a crescer, seja na tributação sobre os
rendimentos das pessoas, reduzindo o número recorde e a complicação dos escalões, das taxas e das
deduções no IRS (imposto sobre o rendimento das pessoas singulares), seja na tributação sobre as empresas,
sem as quais não haverá investimento reprodutivo nem criação de emprego bem pago, através da eliminação
da derrama estadual e da redução gradual da taxa de IRC (imposto sobre o rendimento das pessoas
coletivas), com vista a que Portugal deixe os últimos lugares da lista de competitividade fiscal. É preciso
libertar as pessoas e as empresas do autêntico sufoco fiscal em que têm vivido!
Quanto às liberdades sociais, em particular as que dizem respeito à liberdade de escolha dos serviços
públicos, iremos falar, durante a campanha, de uma verdadeira reforma do SNS, que garanta o acesso
universal a cuidados de saúde e não o acesso universal às listas de espera, colocando os cidadãos no centro
das prioridades e introduzindo concorrência entre os prestadores de cuidados. Já todos perceberam que não
basta atirar dinheiro para cima do SNS, que, hoje, gasta mais 30% do que gastava há poucos anos, mas
continua a não responder às necessidades dos portugueses. O SNS está a esboroar-se todos os dias perante
o olhar cúmplice e indiferente dos que o dizem defender. É a esquerda que está a destruir o SNS! Iremos
também falar das alterações ao sistema educativo que não só deixou de desempenhar o seu papel de
elevador social, como também se transformou num disseminador de mediocridade que perpetua a
desigualdade. É urgente que, no centro destas mudanças, estejam os interesses dos alunos e das suas
famílias e não os interesses eleitorais do PS ou os sindicais do PCP.
Nas liberdades fundamentais, continuaremos na primeira linha da defesa de direitos humanos
fundamentais, seja onde estes forem violados: em Portugal, na China, na Rússia, na Hungria, na Bielorrússia,
na Venezuela, na Polónia.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — E os Estados Unidos?
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Na defesa da liberdade de expressão nos meios analógicos ou nos meios digitais, faremos com que não se repitam as tentativas sinistras de censura, como a que se
preparava com o infame artigo 6.º da Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital ou com a
possibilidade de um qualquer organismo do Estado impedir o acesso a páginas web sem mandato judicial.