I SÉRIE — NÚMERO 20
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Queria também acrescentar que também não considero adequado que esta proposta de resolução não tenha
descido à Comissão de Defesa Nacional, porque, independentemente de se tratar de um assunto de política
externa, tem também impactos na política de defesa.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tudo o que consta da nossa agenda foi acordado em Conferência de Líderes por unanimidade.
O Sr. Marcos Perestrello (PS): — Pois, Sr. Presidente, mas como não tenho assento na Conferência de Líderes é aqui que posso manifestar o meu desacordo.
Aplausos do Deputado do PS Ascenso Simões e do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Pergunto, novamente, quem é que ainda não se conseguiu registar.
Identificaram-se ainda os Deputados Paulo Leitão, Pedro Rodrigues e Ricardo Baptista Leite, do PSD, João
Dias, do PCP, e Inês de Sousa Real, do PAN.
Peço aos serviços para terem em conta o que se está a passar neste momento, uma vez que vamos ter de
proceder a uma votação eletrónica e aí será mesmo necessário que todos os Srs. Deputados consigam votar.
Por outro lado, peço que corrijam a eventual situação que aconteceu hoje com tantos Deputados para que,
numa próxima verificação de quórum, isto não volte a acontecer!
Vamos, pois, passar às votações regimentais.
Começamos pela votação do Projeto de Voto n.º 694/XIV/3.ª (apresentado pelo PS) — De pesar pelo
falecimento de Gilberto Grácio.
Peço à Sr.ª Secretária Maria da Luz Rosinha para proceder à sua leitura.
A Sr.ª Secretária (Maria da Luz Rosinha): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor:
«Gilberto Marques Grácio faleceu no passado dia 1 de novembro. Tinha 85 anos. Nasceu a 12 de maio de
1936, na freguesia de Encarnação, em Lisboa.
Com apenas 12 anos, na oficina do seu pai, João Pedro Grácio Júnior (1903-1967), nas Escadinhas da Ponte
Nova, em Agualva-Cacém, concelho de Sintra, começou a construir instrumentos musicais, dando assim
continuidade a uma atividade iniciada pelo seu avô, João Pedro Grácio (1872-1963). Autodidata, aprendeu a
trabalhar na oficina do seu pai. Com 17 anos construiu integralmente o seu primeiro instrumento, uma viola. A
sua paixão pelo fado começou na infância, aos 6 anos, quando assistiu a uma sessão na Adega do Ramalho,
no Cacém, onde tocava o guitarrista José António Sabrosa (1915-1987), marido da grande fadista Maria Teresa
de Noronha (1918-1993).
Das suas mãos saíam guitarras e violas de atestada qualidade sonora, perfeitas e de beleza incomparável,
adquiridas por quase todos os músicos profissionais, casos de Artur e Carlos Paredes, António Chaínho, Sérgio
Godinho, Paco Bandeira, Rui Veloso e até Jimmy Page, que lhe solicitou a construção de uma guitarra
portuguesa, entre inúmeros outros grandes músicos.
A colaboração entre Gilberto Grácio e Carlos Paredes (1925-2004) foi muito estreita, resultando desse
intercâmbio a criação de um novo cordofone, o guitolão, apresentado em junho de 2005. Idêntico à guitarra
portuguesa, mas de maiores dimensões, o guitolão é montado com seis ordens de cordas duplas, tal como a
guitarra portuguesa.
Em setembro de 2003, abriu uma oficina de formação através do Instituto de Emprego e Formação
Profissional e da Câmara Municipal de Oeiras, no Alto da Loba, em Paço de Arcos, com o intuito de não deixar
perder a tradição da arte de construir a guitarra portuguesa.
Gilberto Grácio era apontado como ‘o mais antigo e conceituado construtor de guitarras’, segundo a
Associação Portuguesa dos Amigos do Fado, que o distinguiu como Sócio de Mérito, na primeira década deste
século. Foi por diversas vezes reconhecido pelo seu trabalho, tendo recebido condecorações da Câmara
Municipal de Sintra, da União das Freguesias de Agualva-Mira Sintra e da União das Freguesias de Cacém-São