I SÉRIE — NÚMERO 25
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indemnização, em caso de o Estado não querer avançar com a exploração depois da prospeção e da
pesquisa.
Esta é uma situação escandalosa, à qual Os Verdes, com as suas propostas, visam pôr um ponto final.
Os Verdes esperam que estas e outras propostas que apresentámos — não tenho tempo para citar todas
— sejam acolhidas e contribuam para que o conhecimento e o aproveitamento dos recursos geológicos
estejam ao serviço do desenvolvimento harmonioso do País e da melhoria de vida das populações, sem se
incompatibilizar e destruir outras riquezas fundamentais à vida.
Termino com as palavras do Secretário-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), na abertura da
cimeira de Glasgow: «Basta de tratar a natureza como uma sanita. Basta de queimar, perfurar e minar o nosso
caminho.»
Não podemos minar o nosso futuro. O futuro é verde.
Aplausos do PEV.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem agora a palavra, pelo PSD, o Sr. Deputado Luís Leite Ramos.
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Energia, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs.
Deputados: Começo por saudar o Bloco de Esquerda pela relevância e pertinência do tema do agendamento
potestativo de hoje, a apreciação do decreto-lei que regulamenta a chamada «lei das minas».
É relevante, porque o tema desemboca num desafio crucial para o nosso futuro coletivo: o combate às
alterações e à crise climáticas.
Todos temos consciência da urgência deste combate, da necessidade em acelerar a transição energética e
de, por esta via, acelerar a descarbonização.
Mas esta transição energética não pode ser feita de qualquer forma e a qualquer preço. Para o PSD, é
fundamental que ela seja justa e sustentável, acautelando os direitos das populações e das comunidades
locais e, ao mesmo tempo, a proteção do ambiente e da biodiversidade.
Para mitigar as emissões de gases com efeito de estufa, não podemos devastar áreas protegidas.
Mineração não pode ser igual a destruição. Para produzir energias renováveis, não podemos sacrificar a
saúde e a qualidade de vida das populações que vivem perto de depósitos minerais.
Não vale tudo no combate às alterações climáticas. É indispensável encontrar soluções de equilíbrio.
Importa assegurar que a valorização dos recursos geológicos respeita a proteção do ambiente, salvaguarda o
património arqueológico e acautela os direitos e os interesses das populações, combinando criação de riqueza
e de emprego com uma verdadeira lógica de sustentabilidade.
O Decreto-Lei n.º 30/2021 vem regulamentar a lei que estabelece as bases do regime da revelação e do
aproveitamento dos recursos geológicos. O que devia ter sido feito em seis meses demorou seis anos.
Entretanto, surgiram intenções de prospeção e de exploração, sem que estivessem devidamente
salvaguardados os aspetos ambientais e os interesses das populações locais. O Governo foi agindo mais
como promotor de projetos mineiros, apregoando os méritos da transição ecológica e as maravilhas do lítio,
sem assumir, de uma forma clara e transparente, a defesa dos direitos ambientais, sociais e até económicos
dos territórios visados.
Não pode, por isso, o Sr. Ministro estranhar a perda de confiança que a mineração suscita junto dos
autarcas e das comunidades locais. Quem transformou a palavra «lítio» num palavrão foi este Governo, Sr.
Ministro, o seu Governo, pela opacidade nos processos de licenciamento, pelas teias de interesses e de
negociatas que foram crescendo em torno deles, pela surdez do Governo perante os apelos e as queixas das
populações, na defesa dos seus territórios e das suas vidas.
Aplausos do PSD.
Olhemos para o que se está a passar no Barroso, em Montalegre e em Boticas, na serra da Argemela, na
serra d’Arga, por esse País fora. Impera o sentimento de abandono, de desconfiança, de perda de