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20 DE JULHO DE 2023

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Com a invasão da Checoslováquia pela União Soviética, os livros do escritor seriam proibidos e retirados de

circulação e, em 1975, o escritor acabou por se exilar em França.

Milan Kundera escreveu romances, ensaios, textos para teatro e poesia, tendo-lhe sido atribuídos vários

prémios internacionais e distinções académicas e literárias.

Não podemos deixar de destacar a sua incontornável obra A Insustentável Leveza do Ser, quinto romance

do autor, editada em Portugal em 1987, onde Milan Kundera escreve que “a verdadeira bondade do homem só

se pode manifestar com toda a pureza, com toda a liberdade, em relação àqueles que não representam nenhuma

força. O verdadeiro teste moral da humanidade — o mais radical, num nível tão profundo que escapa ao nosso

olhar — são as relações com aqueles que estão à nossa mercê: os animais. É aí que se produz o maior desvio

do homem, derrota fundamental da qual decorrem todas as outras.”

Foi, indiscutivelmente, um dos grandes autores do século XX e deixou-nos um legado único através das suas

obras.

Assim, reunida em plenário, a Assembleia da República mostra o seu profundo pesar pela morte de Milan

Kundera e expressa as mais sentidas condolências aos seus familiares e amigos.»

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que acaba de ser

lido.

Submetida à votação, foi aprovada, com votos a favor do PS, do PSD, do CH, da IL, do BE, do PAN e do L

e a abstenção do PCP.

Peço a todos que se associem a mim próprio, guardando 1 minuto de silêncio por todos estes cidadãos.

A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.

Segue-se o Projeto de Voto n.º 404/XV/1.ª (apresentado pelo PAR e subscrito pelo PS e pela IL) — De

saudação pelos 50 anos do Encontro dos Liberais, que passo a ler:

«Assinala-se para a semana os 50 anos do que ficou conhecido como o Encontro dos Liberais, isto é, a

reunião de meados de 1973 que juntou democratas e liberais para refletir sobre a situação política e o futuro do

nosso País.

Esta efeméride celebra-se a pouco menos de um ano de se completar meio século sobre a Revolução do 25

de Abril. Ora, esta não surgiu por geração espontânea, antes resultou de um conjunto de acontecimentos,

personalidades, movimentos sociais e políticos.

Entre estes eventos conta-se o Encontro dos Liberais, a reunião, organizada em Lisboa a 28 e 29 de julho

de 1973, em que se reconhece a inviabilidade política da Ala Liberal, um projeto político que mobilizara, na

última fase da ditadura, com a chegada de Marcelo Caetano ao poder, um grupo de Deputados que defendia a

transformação pacífica e gradual do regime autoritário para uma democracia de estilo europeu ocidental. Eleitos

nas listas da União Nacional, estes Deputados (entre os quais se destacaram Sá Carneiro, Miller Guerra, Pinto

Leite, Magalhães Mota, Pinto Balsemão ou Mota Amaral) procuraram afirmar-se como um novo setor político,

defendendo a liberalização do regime a partir do seu interior.

Nas palavras de Miller Guerra, pretendiam ver instaurado “um regime político de liberdade”, em que fosse

“possível discutir, controlar os atos do Governo e escolher os representantes da Nação”.

O Encontro dos Liberais é um momento de balanço da atividade do setor político liberal e de reflexão sobre

a situação do País, do qual acabaria por resultar a conclusão de que a desejada democratização do regime

através de uma evolução moderada ficara “aquém das expectativas”, sendo necessário encontrar estratégias

alternativas para a ação política.

Nesta fase, a influência da Ala Liberal ultrapassava o âmbito parlamentar (muitos dos seus Deputados já

tinham, aliás, renunciado ao mandato). As suas ideias disseminaram-se no meio académico e nas classes

médias, entre grupos da oposição, bem como através de associações como a SEDES (Associação para o

Desenvolvimento Económico e Social), com quem partilhava ideias de transformação pacífica do regime. A sua

influência, assim como a reflexão produzida no Encontro dos Liberais, manifestar-se-iam também na dinâmica

do Movimento das Forças Armadas, marcando matricialmente o seu programa.

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