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I SÉRIE — NÚMERO 10

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mais do que emotivos discursos ou manifestos de boas-vontades, precisa de ação, uma ação que vá além dos

compromissos internacionais assumidos pelo nosso País. Resta saber se, na hora de votar, vão «meter água»

ou vão fazer prevalecer o princípio da precaução. E, quanto mais cedo o fizermos, mais cedo daremos garantias

às gerações mais novas, que anseiam por um planeta saudável para viver, de que este Parlamento está

verdadeiramente comprometido em defender o seu ambiente.

O Sr. Presidente: — Para apresentar o Projeto de Lei n.º 924/XV/2.ª (CH), tem a palavra a Sr.ª Deputada

Rita Matias.

A Sr.ª Rita Matias (CH): — Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo…

O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, peço desculpa por a interromper.

Ao abrigo do artigo 89.º do Regimento, a Sr.ª Deputada, quando usa da palavra, tem de se dirigir ao

Presidente e à Assembleia.

A Sr.ª Rita Matias (CH): — Cumprimento a Mesa, cumprimento as Sr.as e os Srs. Deputados…

O Sr. Presidente: — Não, Sr.ª Deputada, tem de se dirigir ao Presidente e à Assembleia. É o que dispõe o

artigo 89.º, n.º 1, do nosso Regimento.

Faça favor.

A Sr.ª Rita Matias (CH): — Cumprimento o Sr. Presidente de alguns Deputados desta Assembleia,…

Aplausos do CH.

… cumprimento as Sr.as e os Srs. Deputados e cumprimento os Srs. Membros do Governo.

«Portugal é mar», assim o diziam os mapas que constavam das salas de aulas no tempo em que eu

frequentava a escola. E estes mapas davam conta da realidade: é que 97 % do território nacional é mar. Com

uma linha costeira continental que se estende por mais de 900 km, a que se somam as águas interiores e o mar

territorial das regiões autónomas, Portugal é detentor de uma das maiores zonas económicas exclusivas da

Europa e do mundo.

Se o mar sempre foi um dos protagonistas incontornáveis na história e identidade de Portugal e dos

portugueses, infelizmente, as políticas públicas da 3.ª República votaram o mar ao esquecimento e ao abandono.

Da Armada que deu «novos mundos ao mundo», passámos para uma das marinhas mais negligenciadas de

sempre, com uma frota obsoleta e um desaproveitamento dos recursos humanos, que simplesmente não têm

condições para fazer mais e melhor.

Do País que, no final dos anos 60, capturava, em média, mais de 300 000 t de peixe, passámos a importar

esse mesmo volume de pescado e reduzimos para metade a capacidade da nossa frota pesqueira.

Da Nação que dobrou o cabo das tormentas, passámos a atormentar a vida de quem vive do mar,

alimentando as suas famílias e as nossas famílias — sim, Srs. Deputados, as nossas famílias também

dependem destas pessoas.

Aplausos do CH.

A 3.ª República é sinónimo de traição à identidade cultural de uma nação de marinheiros, pescadores e

navegadores, e esta proposta do Chega pretende corrigir justamente isto, porque é possível conciliar o potencial

de produção de energias renováveis com as atividades tradicionais numa ponderação de valores, sem

alarmismos e sem demonizarmos os nossos pescadores.

Este Governo, no seu megalómano projeto de eólicas offshore, aprovou a construção do mesmo em pelo

menos três zonas que se sobrepõem a áreas de conservação, descurando de forma negligente os impactos na

biodiversidade marinha,…