I SÉRIE — NÚMERO 10
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mesmo mais uma proposta característica deste Governo PS. No que depender da Iniciativa Liberal, esta
proposta não lança ferro nem atraca naqueles que são os direitos das autonomias.
Aplausos da IL.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra o Sr.
Deputado Paulo Moniz.
O Sr. Paulo Moniz (PSD): — Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.a
e Srs. Membros do Governo: A gestão e o ordenamento do espaço marítimo é um assunto da maior importância
estratégica para Portugal, dada a vastidão e riqueza das suas áreas costeiras e oceânicas, sobre as quais temos
direitos, mas também exercemos responsabilidades.
A proposta de lei apresentada tem o mérito de rever a Lei n.º 17/2014. Contudo, as alterações introduzidas
são insuficientes, além de menosprezarem e diminuírem o papel da soberania nacional como um todo e até o
das regiões autónomas.
Portugal assumiu o compromisso de classificar 30 % da área marítima sob jurisdição nacional até 2030, o
que é fundamental para proteger a biodiversidade, os ecossistemas marinhos, os fundos oceânicos, onde temos
campos hidrotermais, e outras estruturas geológicas verdadeiramente incríveis. Esta riqueza natural deve
mobilizar-nos a todos, no sentido da sua proteção efetiva.
Não basta classificar; é necessário gerir efetivamente. Tal implica mais coordenação, mais investigação, mais
fiscalização e mais recursos, dada a sua importância. É fundamental a existência de planos de gestão, mas este
instrumento não basta para garantir uma abrangência mais efetiva e coerente, ficando muito aquém da resolução
do Conselho de Ministros que aprovou as linhas de orientação para a implementação de uma rede nacional de
áreas marinhas protegidas.
Além da dispersão geográfica e biofísica por quatro subdivisões — continente, Açores, Madeira e plataforma
continental estendida —, há diferentes tipos de classificação, há dispersão e até sobreposição de competências
por múltiplas entidades, incluindo os Governos das regiões autónomas. Precisamos de reforçar a coordenação
entre entidades, para que as áreas marinhas protegidas sejam geridas em rede. De outra forma, subsistirá
sempre a lógica costumeira, fragmentária, desarticulada e, até agora, absolutamente ineficaz.
Esta proposta de alteração ignora esta dimensão, tal como ignora a posição das Regiões Autónomas dos
Açores e da Madeira, não reconhecendo a competência constitucional que têm para vincular, decidir, gerir, estas
áreas marinhas, imperando, ao invés disso, uma lógica de exercício conjunto e de uma verdadeira cooperação
e cogestão. As regiões autónomas podem elaborar os instrumentos de ordenamento ao abrigo do artigo 8.º,
mas, depois, não os podem aprovar, tem de ser o Governo da República. Isso faz algum sentido? Ambos os
Governos regionais, como as Assembleias Legislativas Regionais dos Açores e da Madeira, deram parecer
desfavorável por unanimidade, portanto, são contra esta iniciativa do Governo. Estes pareceres contra, por
unanimidade, não contam para nada, não fazem ninguém pensar nem alterar nada? Isto é um verdadeiro
desrespeito institucional e um virar costas às vozes do País.
O nosso mar é uma das maiores riquezas de Portugal e não pode ser tratado desta maneira leviana,
autoritária e negligente.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Patrícia Dantas.
A Sr.ª Patrícia Dantas (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados: Falar de mar é falar de Portugal e, obrigatoriamente, como temos vindo a constatar, falar da Madeira
e dos Açores, porque 86 % da zona económica exclusiva de Portugal está nestas regiões e porque 89 % do mar
da Madeira tem estatuto de proteção.