I SÉRIE — NÚMERO 34
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O Sr. Francisco Pereira de Oliveira (PS): — Mais do que isso, este debate permitiu também a construção de consensos, produziu textos finais, por várias vezes clarificou aspetos menos conseguidos das versões iniciais, e acrescentou ao tema do lobbying o da pegada legislativa, medida, aliás, constante da Estratégia Nacional Anticorrupção.
Sabemos que a representação de interesses não resolverá todos os problemas que o tema convoca. No entanto, garantir registos e publicidade da atividade, regras sobre incompatibilidades e conflitos de interesses será sempre melhor do que manter a situação atual, em que não é garantido o escrutínio, nem a prevenção de riscos. Tudo isto, aliás, nos vêm a dizer as associações cívicas e investigadores que se têm debruçado sobre o tema.
Aqui chegados, sabemos que o tempo é escasso. Mas as quatro propostas apresentadas e em discussão partilham um fundo comum muitíssimo próximo, porque beneficiam da ampla discussão realizada nos últimos anos e da aprendizagem das experiências internacionais, em particular da que vigora no seio da União Europeia.
Permitindo, o calendário — e a pergunta que faço é ao PSD —, está o PSD disponível para procurar assegurar a aprovação de um regime que assegure este reforço de transparência?
Aplausos do PS. O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Emília Cerqueira. A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Oliveira, obrigada pela pergunta.
De uma maneira muito sintética: o PSD está onde sempre esteve, que é ao lado da solução. Aplausos do PSD. O Sr. Bruno Dias (PCP): — Já se estão a abrir garrafas de champanhe!… O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do Chega, o Sr. Deputado André
Ventura. O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente. Sr.as e Srs. Deputados: Ouvi o Sr. Deputado Duarte Alves com
atenção e, desculpe dizer, Sr. Deputado, o Sr. Deputado não leu os projetos, nem sabe o que está em causa. Protestos do Deputado do PCP Duarte Alves. Peço desculpa dizer assim, mas não leu e não sabe o que está em causa, porque ao confundir o registo de
interesses legítimos — não ilegítimos — como parte de um processo que agora não está regulamentado e que quer ser regulamentado, parece que o PCP está a dizer que está do lado da obscuridade e não da solução e da regulamentação.
O Sr. Duarte Alves: — Não, não! O Sr. Bruno Dias (PCP): — Olha o grande defensor dos projetos do PS! O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Deputado, até lhe vou dizer: nem costumo fazer esta citação, mas não sei
se ouviu o Prof. Jorge Miranda, que é insuspeito de ser do Chega, que disse, e cito: «Interesses legítimos, não me agrada muito que sejam regulamentados desta forma,…
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Mas passam a ser! O Sr. André Ventura (CH): — … mas é talvez melhor com transparência, do que estarem institucionalizados
sem qualquer transparência. E por isso, sim, defendo que o lobbying deve ser legalizado e regulado através do Parlamento.»