I SÉRIE — NÚMERO 37
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O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Livre, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Tavares. O Sr. Rui Tavares (L): — Sr. Presidente, Caras e Caros Colegas, Caros Concidadãos nas galerias: Este é
um debate de enorme importância sobre um setor da nossa realidade, da nossa infraestrutura, do nosso território, no qual o problema não é Portugal ter começado atrasado e ter de recuperar território em relação à Europa; é, ao contrário de outros setores, Portugal ter começado atrasado e ter atrasado ainda mais o seu caminho, ao ter destruído valor na ferrovia.
Este não é, portanto, um debate desta Legislatura apenas, tem de ser um debate para o futuro do País, para as próximas eleições e para a próxima Legislatura.
E é notável que, num debate sobre novas ligações ferroviárias, todas as propostas sejam da esquerda, do PAN, do PS, do Partido Comunista Português, do Bloco de Esquerda e do Livre também, e que a direita não tenha apresentado propostas, como se não tivesse nada a acrescentar sobre o tema.
E eu quero acreditar que a direita em Portugal já está muito longe do tempo em que uma líder do PSD, pessoa muito estimável e muito respeitável no nosso debate público, a Prof.ª Manuela Ferreira Leite, dizia que fazer o TGV entre Lisboa e Madrid seria esvaziar Lisboa para beneficiar Madrid.
Já não temos essa visão de passado da ferrovia, em que achamos que a ferrovia é um perigo para o País. A ferrovia é uma oportunidade de nos ligarmos à Europa, é uma oportunidade de densificar as ligações entre os nossos centros urbanos, é uma oportunidade para tornar mais produtivo e mais próspero o eixo que nos liga, o eixo atlântico que liga todo o nosso litoral, de Setúbal até Caminha e, depois, até Vigo e até à Corunha, e de fazer com isso o futuro do País.
O Livre apresentou um projeto de resolução pela reintrodução dos comboios noturnos internacionais Portugal-Espanha, o Lusitânia e o Sud-Expresso, que são parte da nossa história, mas são também parte do nosso futuro e que, enquanto não houver ligação de alta velocidade, muito serviço podem ainda fazer a portugueses e a espanhóis e a todos os europeus.
Temos também connosco, em grande sintonia, os nossos parceiros do Partido Verde Europeu, da Coligação Sumar, em Espanha, e do partido Verdes Equo, que também concordam com a reintrodução dos comboios noturnos entre Portugal e Espanha.
Neste momento, fazemos um debate — dizia — não só para esta Legislatura, mas para a próxima. E, por isso, a última palavra é para um desafio ao Partido Socialista, que tem ainda no quadro desta Legislatura uma maioria absoluta: espero que a saiba utilizar de forma construtiva, de maneira a viabilizar as propostas que os outros partidos aqui apresentaram, para que possamos dar um sinal, no final desta Legislatura de que, pelo menos, a metade esquerda deste Parlamento tem propostas a fazer para o futuro do País, em termos de ferrovia, e que estas sejam as grandes recomendações ao próximo Governo.
Ao fazer isto, o que o Partido Socialista estará a fazer é a demonstrar que, finalmente, já está a retirar o chip da autossuficiência da maioria absoluta e a perceber que é preciso passar a falar em termos de uma maioria progressista e ecológica que governe o País, que obtenha o mandato dos portugueses a partir do próximo dia 10.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de concluir. O Sr. Rui Tavares (L): — E termino, Sr. Presidente, dizendo que esse é um sinal que será ouvido lá fora e
que, se não vier sob a forma de uma viabilização das propostas da esquerda, será um péssimo sinal que o PS dará ao País para as próximas eleições.
O Sr. Presidente: — Para intervir em nome da Iniciativa Liberal, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Rocha. O Sr. Rui Rocha (IL): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A Iniciativa Liberal é um
partido de velocidade alta,… O Sr. Carlos Pereira (PS): — Velocidade alta, mas descendente! O Sr. Rui Rocha (IL): — … é o partido da ferrovia e é, também, o partido da alta velocidade.