I SÉRIE — NÚMERO 37
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Decidi, então, fazer a distância entre a sede do meu concelho, Santa Maria da Feira, e a Linha do Norte, em Espinho, de bicicleta, partindo em simultâneo com o comboio. Pois, senhoras e senhores, percorri os 15 km de distância, cheguei a Espinho e esperei 12 minutos pelos colegas que fizeram o percurso do Vouguinha.
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — O normal! Protestos de Deputados do PS. O Sr. António Topa Gomes (PSD): — Que fazedor é este, que não se preocupa com a redução do tempo
das viagens de comboio? Aplausos do PSD. Que fazedor é este, que não consegue pensar estrategicamente a Linha do Vouga e decidir que é
fundamental a sua inserção na Linha do Norte? Vozes do PSD: — Muito bem! Protestos do Deputado do PS Pedro Nuno Santos. O Sr. António Topa Gomes (PSD): — E aqui chegados, temos uma primeira grande diferença entre o PS e
o PSD: para o PSD, a métrica nunca será quantos milhões gastamos. Para o PSD, a discussão tem de responder às seguintes perguntas: que ganho de tempo? Que ganho de frequência? Qual a regularidade e pontualidade? Qual o nível de conforto? Qual o aumento do número de passageiros?
Aplausos do PSD. Com o PSD, falaremos de rede ferroviária e não de linhas ferroviárias. Mas olhemos, então, para o dito investimento na ferrovia, para os muitos milhões de investimento prometidos
e, sobretudo, para a capacidade de o Governo PS os executar. Foquemo-nos nos tempos médios do Ferrovia 2020: os corredores complementares têm hoje um atraso médio de dois anos e três meses e continuam a atrasar-se; o Corredor Internacional Sul tem um atraso de dois anos e dez meses e continua a atrasar-se, sendo que, no troço Évora-Caia, há atrasos de seis anos e quatro meses; o Corredor Internacional Norte tem um atraso de três anos e dez meses; e o Corredor Norte-Sul tem um atraso de três anos e sete meses e, entre Ovar e Espinho, um atraso de quatro anos e quatro meses. E continua.
E aqui temos outra grande diferença entre o PS e o PSD: o PSD é um partido de quadros, para o qual a conceção e gestão de infraestruturas pressupõe um saber que há muito parece arredado do Ministério das Infraestruturas.
O Sr. Jorge Salgueiro Mendes (PSD): — Muito bem! Protestos do Deputado do PS Pedro Nuno Santos. O Sr. António Topa Gomes (PSD): — No PSD, não será surpresa o conhecimento de que uma infraestrutura
começa por ser planeada, depois projetada e só finalmente construída. E, mesmo antes do final da construção, temos de pensar na sua conservação e manutenção, numa análise global ao ciclo de vida da infraestrutura.
Aplausos do PSD. Mas olhemos, agora, para a CP e para os investimentos em material circulante: desde o início desta
Legislatura que estava prometida a compra de 117 comboios. Depois de dois anos de adiamento, o concurso foi lançado, mas vai entrar agora — pasme-se! — em fase de litigância.